Engenheiros identificam falhas estruturais graves e recomendam intervenção urgente para evitar tragédia. MPF já acionou o DNIT.
Uma ponte sobre o rio Candeias, em Rondônia, corre risco real de colapso, segundo laudo técnico entregue ao Ministério Público Federal (MPF) pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-RO). A estrutura, inaugurada em 2009, apresenta deformações e fissuras severas, fora dos limites permitidos pelas normas técnicas de segurança, e exige medidas emergenciais para evitar uma tragédia.
O alerta vem de uma equipe de engenheiros que realizou uma inspeção detalhada a pedido do MPF, após denúncias sobre falhas visíveis na estrutura. O diagnóstico é contundente: a ponte está em situação gravíssima, com risco de colapso a curto prazo, especialmente diante do tráfego intenso de veículos pesados.
Tráfego além do limite e projeto desatualizado
De acordo com o laudo, o projeto original da ponte foi elaborado com base em normas antigas, de 1984, que não previam o peso e a frequência dos veículos que circulam atualmente pelas rodovias brasileiras. Desde então, a norma foi atualizada duas vezes; a mais recente em 2024, mas nenhuma dessas mudanças foi considerada na estrutura ou nas manutenções posteriores.
Entre os principais problemas apontados estão recalques diferenciais nos apoios e fundações, ausência de manutenção preventiva e sobrecarga provocada pelo tráfego atual. “A estrutura não está preparada para a realidade das estradas brasileiras hoje”, afirma o CREA no relatório técnico assinado pelos engenheiros Siguimar Francisco da Cruz, Helvio de Oliveira Pantoja e Oziany Gomes de Souza.
Ponte já apresenta sinais de falha
A inspeção visual identificou sinais evidentes de desgaste: fissuras, deformações e patologias que avançam com o tempo. Segundo o CREA, essas falhas indicam tensões internas elevadas que colocam em xeque a integridade da ponte. A recomendação é clara: o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) precisa agir com urgência.


Recomendações para evitar o pior
O laudo traz uma série de medidas imediatas para evitar o colapso da ponte e preservar a segurança da população:
• Manter o sistema de “pare e siga” para controlar o fluxo de veículos e concentrar a passagem no trecho mais seguro da estrutura;
• Alternar o tráfego entre veículos pesados e leves, evitando sobrecarga simultânea;
• Realizar uma inspeção técnica aprofundada, com engenheiros especializados, e elaborar um plano de recuperação estrutural;
• Reforçar a estrutura, substituir componentes comprometidos e iniciar o monitoramento contínuo;
• Manter acompanhamento técnico até a conclusão das obras de recuperação.
O MPF deve encaminhar o laudo aos órgãos responsáveis, incluindo o DNIT, e cobrar providências imediatas. A ponte é um importante elo viário da região e sua interdição, ou pior, um eventual colapso, afetaria diretamente a vida de centenas de pessoas que dependem da travessia diariamente.
Por: Daniela Castelo Branco
Foto/Imagem: Rilmo Dantas