Primeira mulher vice-presidente, nomes ligados a Del Nero e histórico de disputas políticas marcam a composição da nova gestão da entidade.
A eleição marcada para o próximo domingo (25) deve selar o início de uma nova fase na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com chapa única, liderada por Samir Xaud, atual presidente da Federação Roraimense de Futebol, a entidade se prepara para uma mudança significativa em sua cúpula, após meses de instabilidade e disputas judiciais.
A saída definitiva de Ednaldo Rodrigues, que protocolou sua desistência do cargo nesta segunda-feira (20), abriu caminho para a consolidação do grupo de Xaud. Segundo ele, a decisão visa “pacificar o futebol brasileiro”, embora Ednaldo ainda alegue que havia alternativas jurídicas para permanecer.
Além de Samir, a nova gestão terá como destaque oito vice-presidentes. Entre eles, nomes experientes, aliados de bastidores, figuras polêmicas e, pela primeira vez na história da CBF, uma mulher.
Confira quem são os vice-presidentes que estarão ao lado de Samir Xaud na CBF:
Fernando Sarney: o homem forte que não saiu de cena
Interventor nomeado pela Justiça e ex-vice de Ednaldo Rodrigues, Fernando Sarney segue como um dos nomes mais influentes da entidade. Filho do ex-presidente José Sarney, ele está na CBF desde 1998 e ganhou espaço com sua atuação política e diplomática, chegando inclusive ao Comitê Executivo da FIFA, onde permanece até hoje.
Fernando Sarney, no entanto, carrega controvérsias: já foi indiciado pela Polícia Federal por evasão de divisas e também figurou como investigado na Operação Faktor (ex-Boi Barrica), que apurou movimentações financeiras ilegais durante a campanha da irmã, Roseana Sarney, ao governo do Maranhão.
Michelle Ramalho: a primeira mulher a ocupar uma vice-presidência
Um marco na história da CBF. Michelle Ramalho Cardoso, atual presidente da Federação Paraibana de Futebol, será a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente da entidade. Aos 47 anos, a paraibana de Campina Grande é conhecida por sua habilidade política e pela proximidade com figuras históricas da CBF, como Marco Polo Del Nero.
Desde 2018 no comando da FPF, ela venceu uma disputa acirrada para chegar à presidência da federação e vem se firmando como uma das principais lideranças femininas do futebol brasileiro.
Gustavo Dias Henrique: o retorno de Brasília à cúpula da CBF
Brasiliense, Gustavo Dias Henrique é o primeiro representante do Distrito Federal a ocupar uma vice-presidência na CBF em uma década. Ele assumiu o cargo em março de 2025, ainda na gestão de Ednaldo, após anos atuando como diretor de Relações Institucionais da entidade.
Gustavo é considerado uma peça técnica importante nos bastidores da CBF e deve atuar na articulação política entre a confederação e o Congresso Nacional.
Flavio Zveiter: o jurista da bola
Advogado e ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Flavio Zveiter, de 43 anos, também integra a chapa de Samir. Ele é filho de Luiz Zveiter, ex-presidente do TJ-RJ e figura influente no meio jurídico-desportivo.
Flavio chegou a lançar candidatura própria à presidência da CBF em 2023, mas a disputa foi suspensa após a volta de Ednaldo por decisão do STF. Agora, volta à cena com uma posição estratégica e a expectativa de contribuir na modernização da gestão e dos regulamentos do futebol nacional.
Outros nomes da nova vice-presidência da CBF
Além de Fernando, Michelle, Gustavo e Flavio, a chapa liderada por Samir Xaud conta com:
• Ricardo Gluck Paul, ex-presidente do Vasco e atual dirigente com trânsito entre clubes e federações;
• José Vanildo, presidente da Federação Norte-Riograndense de Futebol e figura tradicional no Nordeste;
• Ednailson Rozenha, ligado à Federação Acreana, com atuação voltada ao desenvolvimento do futebol na região Norte;
• Rubens Angelotti, presidente da Federação Catarinense de Futebol, com experiência na articulação entre clubes regionais.
A nova composição, que une nomes tradicionais, jovens lideranças e uma inédita representatividade feminina, marca um novo momento na CBF, mas sem perder as marcas do jogo de poder que historicamente cerca a entidade.
Agora, resta saber se a gestão conseguirá promover as reformas estruturais que o futebol brasileiro tanto precisa ou se seguirá em campo com o velho estilo de jogo.
Por: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/CBF