Em artigo opinativo, jornalista William Waack avalia que declaração de Marco Rubio eleva tensão institucional e pode gerar crise diplomática entre os dois países.
Em análise publicada nesta quinta-feira, em sua coluna opinativa na CNN Brasil, o jornalista William Waack avalia que a declaração do senador americano Marco Rubio, ao sugerir sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, cria as condições para uma séria crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
Para Waack, a fala, feita durante depoimento na Câmara dos Representantes dos EUA, transforma em política de governo aquilo que até então parecia restrito ao discurso de apoio mútuo entre grupos políticos. Ao elevar o tema ao nível institucional, Washington interfere diretamente em um processo interno brasileiro, no qual Moraes é figura central, especialmente no julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e a tentativa de golpe.
No texto, o jornalista pontua que, ao sugerir que Moraes teria cometido violações de direitos humanos, Rubio não só se alinha a uma narrativa de perseguição política contra Bolsonaro, como também acirra ainda mais o ambiente político brasileiro.
A declaração ocorre no momento em que o STF avança no julgamento sobre a suposta trama golpista, cuja última testemunha, um ex-comandante da Força Aérea, confirmou reuniões onde se cogitou até a prisão do próprio Moraes.
Waack afirma que a probabilidade do STF ceder a pressões estrangeiras é considerada baixíssima e que a tendência, na verdade, é de que haja uma reação institucional contrária. A avaliação do jornalista é que a fala do senador americano inflama setores da oposição brasileira, mas não necessariamente conquista apoio no centro político, onde pode prevalecer o incômodo com a ingerência de um governo estrangeiro em assuntos internos do país.
“Afinal, trata-se de um governo estrangeiro que tem como método o ataque, metendo-se num assunto que é só nosso”, diz Waack, reforçando que a movimentação de Rubio, na prática, pavimenta o terreno para um possível agravamento da crise diplomática entre Brasília e Washington.
Por: Daniela Castelo Branco
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