Proposta, em debate no Congresso, quer liberar a comercialização de medicamentos isentos de prescrição em mercados, desde que haja farmacêutico no local.
A ideia de sair do mercado não só com pão, leite e frutas, mas também com aquele remédio para dor de cabeça, febre ou resfriado, tem apoio da maioria dos brasileiros. É o que mostra uma pesquisa inédita do Datafolha, encomendada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
De acordo com o levantamento, 64% da população é favorável à venda de medicamentos isentos de prescrição médica em supermercados, mercadinhos e similares. O estudo ouviu 2.002 pessoas em todo o país, entre os dias 8 e 11 de abril, com margem de erro de dois pontos percentuais.
O dado revela um desejo claro da população: mais facilidade na hora de adquirir remédios simples. Segundo a pesquisa, nove em cada dez brasileiros consomem medicamentos que não exigem receita, como analgésicos, antitérmicos e antialérgicos. E, para 73% dos entrevistados, poder comprar esses produtos no supermercado tornaria a vida mais prática e acessível.
Além disso, 63% acreditam que a atual proibição, que impede supermercados de venderem remédios sem prescrição, prejudica diretamente a população.
O que está em jogo no Congresso
A discussão já saiu das ruas e chegou ao Congresso Nacional. Um projeto de lei que prevê a liberação da venda desses medicamentos; desde que o estabelecimento conte com a presença de um farmacêutico habilitado, está em tramitação no Senado Federal.
Atualmente, o texto está na fase de audiências públicas, ouvindo especialistas, entidades do setor e representantes da sociedade. A expectativa é que a proposta seja colocada em votação no plenário do Senado no início do segundo semestre.
Se aprovado, o projeto retomará uma prática que já existiu no Brasil entre os anos de 1994 e 1995, quando supermercados podiam comercializar remédios isentos de prescrição.
De um lado, praticidade. Do outro, preocupação.
Enquanto a Abras defende que a mudança traz mais comodidade, economia de tempo e facilidade para milhões de brasileiros, parte dos profissionais da saúde alerta para a necessidade de controle e uso consciente de medicamentos, ainda que sejam de venda livre.
O texto em debate busca justamente equilibrar esses dois pontos: ampliar o acesso, mas sem abrir mão da segurança, garantindo que haja um farmacêutico presente para orientar os consumidores.
Por enquanto, o tema segue em discussão. Mas a pesquisa deixa claro: a maioria dos brasileiros já escolheu um lado nessa conversa.
Por: Daniela Castelo Branco
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