Crises do INSS, IOF e desgaste fiscal empurram governo Lula para seu pior momento até aqui.
Os números da nova pesquisa AtlasIntel/Bloomberg acenderam o sinal de alerta no Palácio do Planalto. A desaprovação de Lula e de seu governo bateu recorde em maio, revelando um desgaste crescente que, se mantido, coloca a reeleição do presidente ou de quem ele indicar em sério risco.
A desaprovação pessoal de Lula subiu de 50,1% em abril para 53,7% em maio. Já a percepção negativa sobre seu governo foi de 47,7% para 52,1% no mesmo período.
Embora a aprovação também tenha subido um pouco, de 40,2% para 41,9%, ela não acompanhou o ritmo da rejeição, que cresce de forma consistente.
De onde vem esse mau humor com o governo?
O levantamento escancara os principais gatilhos do desgaste. Dois temas saltam aos olhos:
• Impostos e carga fiscal
• Percepção de corrupção
Na esteira das recentes crises do INSS e do polêmico decreto sobre o IOF, que pegou parte do campo empresarial e da opinião pública de surpresa, a avaliação de que a situação fiscal do país piorou disparou.
Para 55% dos entrevistados, a responsabilidade fiscal e o controle de gastos estão piores hoje do que no governo Bolsonaro. No tema impostos e carga tributária, 53% também dizem que a situação piorou, contra 37% que veem melhora.
O cenário ficou ainda mais difícil com o aumento da percepção de que a corrupção voltou a ser o principal problema do país.
Em abril, 47% apontavam a corrupção como a maior preocupação, atrás de criminalidade e tráfico de drogas (55%).
Em maio, corrupção disparou para 60%, enquanto criminalidade ficou em 50,2%.
Esse salto está diretamente ligado ao desgaste provocado pelos escândalos e denúncias em torno do INSS, além das acusações de ineficiência e má gestão.
Direita se fortalece e Lula vê cenário se complicar
O desgaste do governo tem um efeito imediato: o fortalecimento da direita, que hoje aparece com figuras bem posicionadas na opinião pública.
Na pesquisa, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) tem 49% de imagem positiva, superando até Jair Bolsonaro (46%), Tarcísio de Freitas (46%) e o próprio Lula (45%), que aparece colado em Michelle Bolsonaro (44%).
No cenário eleitoral, Bolsonaro, Michelle e Tarcísio aparecem hoje derrotando Lula no segundo turno. Outros nomes, como Romeu Zema, Ratinho Jr. e Ronaldo Caiado, ainda perderiam, mas a diferença caiu para patamares apertados.
Ampulheta virou contra Lula, mas o jogo ainda não acabou
Apesar do cenário desfavorável, Lula ainda tem tempo e ferramentas à disposição para tentar reverter o quadro. Como chefe do Executivo, tem espaço para anunciar medidas econômicas, programas sociais e acenos políticos que podem melhorar sua popularidade.
Além disso, o PT carrega um histórico de resiliência eleitoral. Nos últimos 24 anos, venceu 5 das 6 eleições presidenciais.
Mas o fato é que, neste momento, a incapacidade do governo de administrar e sair das crises tem sido o principal combustível do próprio desgaste. A ampulheta virou e o tempo, agora, corre contra o presidente.
Por: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação