Medicamento já usado para diabetes tipo 2 agora poderá ser prescrito também para pessoas com sobrepeso e obesidade, com resultados promissores na perda de peso
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar, nesta segunda-feira (9), o uso do medicamento Mounjaro para o tratamento de sobrepeso e obesidade no Brasil. Produzido pela farmacêutica Eli Lilly, o remédio já era autorizado desde 2023 para o controle do diabetes tipo 2; mas agora ganha uma nova indicação clínica e promete revolucionar o combate à obesidade.
A aprovação foi publicada no Diário Oficial da União e já está em vigor. O Mounjaro será indicado para adultos com obesidade (IMC igual ou acima de 30) ou com sobrepeso (IMC a partir de 27) associado a pelo menos uma comorbidade, como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes. O tratamento deve ser acompanhado de dieta equilibrada e prática regular de atividade física.
Resultados expressivos nos estudos clínicos
O Mounjaro se baseia na tirzepatida, uma molécula que atua simultaneamente em dois hormônios do intestino (GIP e GLP-1), ajudando a controlar o açúcar no sangue, reduzir o apetite e prolongar a sensação de saciedade.
Em estudos clínicos de fase 3, que envolveram mais de 20 mil participantes no mundo inteiro, o medicamento demonstrou uma eficácia expressiva na perda de peso. Na dose mais alta (15 mg), os pacientes chegaram a perder, em média, 22,5% do peso corporal: resultado muito superior ao placebo e, inclusive, a outros medicamentos concorrentes como Wegovy e Ozempic.
Quase 40% das pessoas que usaram o Mounjaro nessa dosagem perderam mais de 40% do peso corporal. Além da perda de peso, também foram observadas melhorias em indicadores como colesterol, pressão arterial e medida da circunferência abdominal.
Entendendo a diferença entre os medicamentos
Enquanto Ozempic e Wegovy (ambos da Novo Nordisk) atuam apenas no hormônio GLP-1, o Mounjaro estimula os receptores de dois hormônios (GLP-1 e GIP), o que amplia sua eficácia. Essa diferença tem sido apontada como um dos motivos para os resultados mais expressivos na redução de peso.
De acordo com estudo recente publicado no The New England Journal of Medicine, os pacientes tratados com tirzepatida perderam em média 22,8 kg, contra 15 kg dos pacientes que usaram semaglutida (composto dos medicamentos da Novo Nordisk).
Nova era no tratamento da obesidade
Para especialistas, a aprovação do Mounjaro representa mais do que o lançamento de um novo remédio: é um passo importante no reconhecimento da obesidade como uma condição crônica que exige tratamento médico adequado.
“Durante muito tempo, a obesidade foi tratada como uma questão de força de vontade. Mas hoje sabemos que o próprio corpo pode sabotar esse processo, aumentando a fome e reduzindo a saciedade em dietas restritivas”, explica Luiz Magno, diretor médico da Lilly Brasil.
Segundo ele, o Mounjaro traz mais uma alternativa terapêutica eficaz para pessoas que lutam há anos contra o excesso de peso e suas consequências. “É mais uma porta que se abre para quem busca saúde e qualidade de vida, com acompanhamento médico e responsabilidade.”
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação