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Bolsonaro adota tom sereno em depoimento e recebe elogios no PL; Planalto vê tudo dentro do esperado

Ex-presidente foi interrogado nesta terça-feira (10), no Supremo Tribunal Federal, sobre suposta trama golpista; governistas e oposição não preveem mudanças no andamento da ação penal

No primeiro interrogatório frente a frente com o ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) surpreendeu aliados e adversários ao adotar um tom sereno e comedidamente bem-humorado. O depoimento ocorreu nesta terça-feira (10) no âmbito da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Entre parlamentares do PL, a avaliação foi de que Bolsonaro se saiu bem ao optar por uma postura contida, buscando leveza em meio ao ambiente carregado. O tom menos beligerante foi elogiado nos bastidores do partido, especialmente por evitar embates diretos com o ministro relator.

Durante a oitiva, o ex-presidente chegou a pedir desculpas a Moraes por acusações feitas anteriormente, como a de que o ministro teria recebido dinheiro: declaração que, segundo Bolsonaro, foi dada sem provas. Também negou qualquer envolvimento com articulações golpistas e classificou um golpe de Estado como “abominável”. Disse ainda que, embora seja “fácil de começar”, um golpe “é simplesmente imprevisível e danoso para todo mundo”.

Em tom de descontração, Bolsonaro chegou a dizer que gostaria de convidar Moraes para ser seu vice na campanha presidencial de 2026; fala que arrancou risos dos presentes, mesmo com o ex-presidente atualmente inelegível.

Apesar da mudança de tom, tanto parlamentares da oposição quanto aliados do governo consideram que a postura mais amena do ex-presidente não deve alterar o curso do processo. Para governistas, o depoimento transcorreu conforme o esperado, sem surpresas ou elementos que provoquem reviravoltas jurídicas. Já na oposição, a condução do interrogatório por Moraes foi vista como estratégica: o ministro demonstrou paciência e até certa leveza, o que foi interpretado como um gesto calculado para não tensionar ainda mais o cenário político.

Esta foi a última rodada de interrogatórios da ação penal que investiga a chamada “trama golpista”. Além de Bolsonaro, também foram ouvidos nesta terça-feira o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier; o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto.

Braga Netto, preso desde dezembro do ano passado, prestou depoimento por videoconferência. Ele negou ter financiado os acampamentos em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília e disse que jamais ordenou ataques aos chefes militares. Segundo seu relato, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o teria procurado para pedir dinheiro, mas sem esclarecer o motivo.

Na véspera, foram interrogados Mauro Cid e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Todos os réus negaram envolvimento na tentativa de golpe.

Com o encerramento dessa fase, caberá agora ao relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, decidir os próximos passos do processo, que segue sendo um dos focos de tensão no cenário político e jurídico do país.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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