Vishwash Kumar Ramesh, um britânico de origem indiana, estava sentado na fileira de emergência e descreve o impacto devastador do acidente, enquanto lida com a perda do irmão e amigos.
Quando as chamas finalmente se apagaram e o pânico deu lugar ao silêncio aterrador, uma imagem incomum emergiu das ruínas do voo da Air India, que se despedaçou após a queda em Ahmedabad, na Índia. Um homem, aparentemente ileso, caminha entre os destroços com a camisa manchada de sangue. Ele se chamava Vishwash Kumar Ramesh, e sua história de sobrevivência virou um símbolo de esperança e incredulidade.
Ramesh estava em viagem de volta ao Reino Unido, após uma visita à família. Ele e o irmão estavam no mesmo voo, mas sentados em lugares diferentes. No momento do impacto, apenas Ramesh sobreviveu, enquanto 241 pessoas perderam a vida. A notícia, que se espalhou rapidamente pelas redes sociais, deixou o mundo atônito e emocionado, à medida que mais detalhes sobre o milagre de sua sobrevivência foram revelados.
O milagre do assento 11A
O que fez Ramesh ser o único sobrevivente daquela tragédia tão devastadora? O analista de segurança David Soucie, ex-inspetor de segurança da Administração Federal de Aviação dos EUA, se mostrou surpreso ao saber que alguém sentado exatamente onde Ramesh estava poderia ter escapado com vida.
O assento 11A, onde Ramesh estava, fica estrategicamente localizado na fileira de saída de emergência, logo em frente à asa esquerda do avião. Segundo Soucie, a área imediatamente à frente da asa, especialmente no ponto onde o avião impacta o solo, é uma das mais vulneráveis. “Aquele ponto é onde o avião toca o chão com mais força, o que torna a sobrevivência acima dele uma ocorrência extremamente rara”, comentou.
O próprio Ramesh relatou os momentos aterradores da queda: “Trinta segundos após a decolagem, houve um estrondo muito alto. Em um instante, tudo mudou. O avião caiu, e eu não sabia o que estava acontecendo. Foi muito rápido.” Com seu irmão sentado em outro assento, ele ainda não sabia da tragédia que se abateria sobre a família, com a morte do irmão e de muitos outros amigos e passageiros.
Após o impacto, a cena era caótica. Ramesh foi levado rapidamente para o Hospital Civil de Ahmedabad, onde, segundo os médicos, estava em estado de saúde estável. O Dr. Rajnish Patel, responsável pelo atendimento, informou que o paciente estava “consciente, confortável e sob rigorosa observação”. “Ele não sofreu ferimentos graves, apesar de apresentar sangramentos superficiais”, explicou.
O peso da perda e da sobrevivência
Apesar da sorte inesperada de sobreviver ao acidente, Ramesh enfrenta agora a dor da perda. Seu primo, Ajay Valgi, disse em entrevista à imprensa britânica que o sobrevivente estava em choque, mas havia conseguido ligar para a família para confirmar que estava bem. A tristeza, no entanto, é profunda. “Ele está muito triste com a perda do irmão e de tantas outras pessoas que estavam naquele voo”, afirmou Valgi.
A tragédia também afetou profundamente a comunidade indiana e internacional, que lamenta as perdas. O voo, que partiu de Ahmedabad com destino a Londres, transportava passageiros de diferentes nacionalidades, incluindo indianos, britânicos, canadenses e portugueses. Além disso, pelo menos três estudantes de medicina, que estavam entre os passageiros, perderam a vida, e cerca de 30 outros ficaram feridos.
Reflexões sobre segurança aérea
Com o tempo, muitos se questionaram sobre o que poderia ter sido feito para evitar a tragédia e como o assento 11A, localizado na fileira de emergência, contribuiu para a sobrevivência de Ramesh. Esse fato levanta questões importantes sobre a segurança dos passageiros e a integridade dos aviões em momentos de impacto extremo.
À medida que investigações sobre o acidente continuam, a história de Ramesh serve como um lembrete da fragilidade da vida, mas também da resiliência humana diante do inusitado. Para ele, restam agora os pesares da perda e a gratidão pela segunda chance de vida que, em muitos aspectos, parece impossível.
O caso de Vishwash Kumar Ramesh, no entanto, é mais do que apenas uma história de sobrevivência; é uma lembrança de que, em meio à tragédia, o inesperado pode acontecer. E, enquanto o mundo observa e aguarda mais respostas sobre o acidente, o milagre de Ramesh permanece no centro das atenções.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/Portal Uol