Decisão dos EUA amplia tensão diplomática e pode influenciar desdobramentos no Oriente Médio, com reflexos para o comércio e a segurança global
Em mais um gesto que reforça o isolamento diplomático dos Estados Unidos em temas de segurança internacional, o ex-presidente Donald Trump (de volta à liderança americana), sinalizou que não irá assinar uma declaração conjunta do G7 pedindo a redução das tensões entre Israel e Irã.
A cúpula, que acontece nas Montanhas Rochosas, no Canadá, reúne as principais potências econômicas do mundo. O documento, liderado por representantes europeus, reforça o direito de Israel à autodefesa, mas também faz um apelo direto por contenção militar e diálogo, visando evitar uma escalada maior no conflito que já deixou centenas de mortos na região.
Israel sim, apelo por trégua não
O rascunho da declaração, que ainda circula entre os chefes de Estado, também reafirma que o Irã não deve, sob nenhuma circunstância, obter uma arma nuclear. Para os líderes europeus, o texto representa um equilíbrio entre apoiar Israel e evitar uma guerra regional de proporções catastróficas.
Mas Trump parece não concordar com o tom conciliador. “Sob a forte liderança do presidente Trump, os Estados Unidos estão de volta à liderança dos esforços para restaurar a paz em todo o mundo. O presidente continuará trabalhando para garantir que o Irã não possa obter uma arma nuclear”, disse uma fonte da Casa Branca, ao ser questionada sobre a recusa em apoiar a declaração conjunta.
A decisão causou desconforto logo nas primeiras horas do encontro. Para diplomatas europeus, trata-se de uma ruptura com o esforço coletivo de pressionar tanto Israel quanto Irã a frearem as ações militares.
Reflexos além do G7
A postura americana deve aumentar as incertezas no tabuleiro geopolítico, justamente num momento em que os mercados globais já reagem com nervosismo à escalada militar. O Brasil, grande exportador de alimentos para a região e dependente de petróleo importado, observa com atenção. Qualquer agravamento nas tensões pode impactar diretamente o preço dos combustíveis e a segurança de brasileiros que vivem ou trabalham no Oriente Médio.
Para analistas, o gesto de Trump reflete uma linha mais dura em relação ao Irã e um reforço da aliança incondicional com Israel, o que pode empurrar o conflito para um novo ciclo de retaliações.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação