Ministro iraniano alerta para riscos à segurança energética global; Exército promete intensificar ofensiva com “armas novas e avançadas”
A tensão no Oriente Médio atingiu um novo patamar nesta terça-feira (17), com o Irã ampliando o tom das ameaças e Israel intensificando seus ataques. Em meio ao cenário de escalada militar, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, fez um alerta direto a Israel sobre os riscos de expansão do conflito para toda a região.
Durante um telefonema com o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Araghchi destacou a preocupação com possíveis ataques israelenses a instalações energéticas estratégicas do Irã, como o campo de gás South Pars, o maior do mundo, que o país compartilha com o Catar. Segundo a agência estatal ISNA, o ministro pediu “vigilância de todas as partes” diante da possibilidade de uma ofensiva que, segundo especialistas, poderia colocar em risco a segurança energética global.
A preocupação internacional aumentou após um representante de um país do Golfo classificar qualquer ataque a South Pars como “imprudente” e um risco direto aos interesses dos Estados Unidos e de aliados regionais. “Isso ameaça a segurança energética global, considerando que o campo catariano é uma fonte vital de energia para os EUA, a Europa e o mundo”, afirmou a autoridade.
Irã ativa defesas e promete nova onda de ataques
O clima de alerta se intensificou no próprio território iraniano. Na manhã desta terça, o Irã ativou suas defesas aéreas no oeste do país após relatos de novas ofensivas israelenses. Segundo a mídia estatal, explosões foram ouvidas em Teerã, aumentando o temor de que a capital possa ter sido alvo.
De acordo com a agência IRNA, o comandante das forças terrestres do exército iraniano, Brigadeiro-General Kiomars Heidari, prometeu uma resposta à altura. Ele afirmou que centenas de drones de longo alcance, com alta precisão e poder destrutivo, já atingiram alvos estratégicos em Tel Aviv e Haifa.
“O inimigo deve saber que uma nova onda de ataques ferozes pelas forças armadas, especialmente pelas forças terrestres, com armas novas e avançadas, começou e se intensificará nas próximas horas”, declarou Heidari.
Ataques a alvos de inteligência israelense
Ainda segundo a mídia estatal iraniana, parte dos ataques desta nova fase da ofensiva atingiu a Diretoria de Inteligência Militar de Israel e o Centro Operacional do Mossad, o serviço secreto israelense. A informação, no entanto, ainda não foi confirmada oficialmente por autoridades de Tel Aviv.
Enquanto isso, a imprensa israelense também relatou que novos bombardeios foram realizados na manhã desta terça em áreas próximas à fronteira com o Irã.
Conflito em escala crescente
Desde a madrugada da última sexta-feira (13), quando Israel lançou uma ofensiva contra o programa nuclear iraniano e líderes militares do país, a troca de ataques vem escalando em intensidade e alcance.
O Irã respondeu com força logo nas primeiras horas após o bombardeio inicial, o que aumentou o temor de que a crise regional possa se transformar em um conflito de proporções ainda maiores.
Até o momento, os confrontos já deixaram ao menos 248 mortos nos dois países, segundo dados de agências internacionais.
Israel tem como alvos principais as instalações nucleares iranianas, ativos militares e lideranças-chave do Exército. Do lado iraniano, a retaliação tem mirado tanto alvos militares quanto estruturas de inteligência em território israelense.
O analista Firas Maksad, especialista em Oriente Médio e Norte da África do Eurasia Group, chamou a atenção para um possível novo patamar de envolvimento, caso o Irã cumpra a ameaça de atacar infraestrutura energética de países do Golfo. “Isso pode realmente atrair os Estados Unidos de forma direta para o conflito”, alertou, em entrevista à CNN americana.
Com a situação ainda em curso, a comunidade internacional acompanha com preocupação os próximos passos desta que já é considerada uma das maiores crises recentes no Oriente Médio.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/CNN