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Advogados divergem sobre postura de Mauro Cid em acareação com Braga Netto no STF

Defesa do ex-ajudante de ordens afirma que ele respondeu a tudo de cabeça erguida, enquanto representantes do general falam em “mentiras” e prometem novo pedido para anular delação

A acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general da reserva Walter Braga Netto, realizada nesta terça-feira (24) no Supremo Tribunal Federal (STF), terminou com versões opostas sobre o comportamento e as declarações do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). O encontro teve duração de uma hora e meia e foi conduzido pessoalmente pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Segundo o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, o militar não ficou intimidado em nenhum momento e manteve a mesma linha de depoimentos que vem prestando durante as investigações. “Ninguém ficou de cabeça baixa. O Cid respondeu a todas as perguntas. Sem novidades. Acareação é assim mesmo”, afirmou o defensor, em entrevista à CNN.

Do outro lado, a defesa de Braga Netto fez questão de sustentar uma narrativa totalmente oposta. O advogado José Luis Oliveira Lima disse que Cid permaneceu “de cabeça baixa” durante todo o procedimento e voltou a acusá-lo de mentir. O general nega as acusações feitas por Cid e, após a acareação, sua defesa confirmou que fará um novo pedido para anular a delação premiada do ex-ajudante de ordens.

Sessão sem gravação gera nova polêmica

Outro motivo de contestação por parte da defesa de Braga Netto foi a ausência de gravação da audiência. Por decisão do STF, a sessão foi realizada a portas fechadas e sem registros de áudio ou vídeo. Apenas uma ata da acareação será anexada ao processo.

“Nossa prerrogativa foi violada. O ato não foi gravado e não tivemos autorização para fazer a gravação. Vamos recorrer também disso”, disse Oliveira Lima.

As divergências entre as versões

A acareação foi convocada para tentar esclarecer contradições entre os relatos de Cid e Braga Netto, principalmente em dois pontos centrais.

O primeiro envolve uma reunião realizada em novembro de 2022, na casa de Braga Netto. Cid afirma que o encontro foi para discutir o chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, com foco em medidas que contestariam o resultado das eleições. Segundo o delator, o general pediu que ele deixasse a reunião quando as conversas avançaram para o que chamou de “medidas operacionais”. Braga Netto nega que o encontro tenha tido esse teor.

A segunda divergência é ainda mais delicada: a suposta entrega de dinheiro. Cid declarou que recebeu de Braga Netto uma caixa de vinho com dinheiro em espécie, que teria sido repassado ao major De Oliveira, conhecido como “Kid Preto”, para financiar atos antidemocráticos em frente aos quartéis. A defesa do general nega com veemência essa acusação.

Próximos passos

Com a conclusão da acareação, caberá ao STF avaliar os próximos desdobramentos do caso. A defesa de Braga Netto reforçou que continuará buscando a anulação da delação de Cid, enquanto os advogados do ex-ajudante de ordens mantêm a posição de que o militar tem colaborado com a Justiça de forma transparente.

A ausência de gravação oficial da acareação deve alimentar novas contestações jurídicas, aumentando ainda mais a temperatura desse processo que segue como um dos mais sensíveis da crise política que envolve o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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