Deputada nega irregularidades após oposição questionar contratação de dois secretários que atuaram como maquiadores.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) se tornou alvo de uma representação apresentada pela oposição à Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (24), por suposto ato de improbidade administrativa. O motivo seria a contratação de dois secretários parlamentares, que, segundo a oposição, estariam atuando como maquiadores pessoais pagos com recursos públicos.
A representação, assinada pelo líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), e pelo vice-líder Paulo Bilynskyj (PL-SP), também foi encaminhada ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Os parlamentares pedem a abertura de investigação por “eventual prática de atos de improbidade e dano ao erário”, além do envio do caso ao Tribunal de Contas da União (TCU).
A denúncia ganhou força após publicações no Instagram dos servidores Índy Cunha e Ronaldo Cesar Hass, que mostravam bastidores da produção de maquiagem da parlamentar. Erika Hilton, no entanto, nega qualquer irregularidade e afirma que ambos estão devidamente lotados em seu gabinete como secretários parlamentares, com atribuições compatíveis com os cargos.
De acordo com o portal da Câmara, Índy está no cargo desde dezembro de 2023 e recebe salário bruto de cerca de R$ 2 mil. Já Ronaldo foi contratado em maio deste ano e recebe aproximadamente R$ 9 mil.
Em resposta às acusações, Hilton publicou um comunicado nas redes sociais defendendo a legalidade das contratações e o trabalho realizado por sua equipe. “Meus secretários me acompanham em comissões, audiências, fazem relatórios, preparam briefings, dialogam com a população e prestam um serviço incrível”, escreveu. Ela reconheceu que conheceu os dois como maquiadores, mas destacou que “identificou neles outros talentos” e que, mesmo que não fizessem sua maquiagem, continuariam atuando em suas funções no gabinete.
Segundo a Câmara dos Deputados, cada parlamentar pode contratar até 25 secretários parlamentares, com salários pagos por meio de uma verba mensal de R$ 133 mil. Não há exigência de concurso público para esses cargos, e os profissionais podem atuar em Brasília ou no estado de origem do parlamentar. Erika Hilton possui hoje 14 servidores em seu gabinete.
O caso rapidamente ganhou repercussão e foi usado por opositores como exemplo de suposto mau uso da máquina pública. “O Congresso não pode se omitir diante do uso da estrutura estatal para fins particulares”, afirmou Zucco em nota. “A população brasileira exige respeito com o dinheiro público.”
Já para Erika Hilton, a representação reflete uma tentativa de desgaste político. “Estamos diante de uma perseguição política. Não é a primeira vez que tentam desmontar e deslegitimar minha atuação parlamentar”, disse a deputada.
O caso agora aguarda manifestação da PGR e eventual abertura de procedimento no Conselho de Ética da Câmara.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação