Falta de informação sobre a doença afeta pacientes e profissionais de saúde; sinais e cuidados são fundamentais para garantir qualidade de vida
A urticária, uma condição de pele que provoca manchas vermelhas, inchaço e coceira intensa, afeta cerca de 20% da população em algum momento da vida, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Mas apesar da alta incidência, o diagnóstico correto pode levar até dois anos no Brasil; tempo que compromete o bem-estar e o tratamento adequado do paciente.
Um dos principais motivos para essa lentidão é o desconhecimento sobre a doença, tanto entre a população quanto entre os próprios profissionais de saúde. “A maioria dos pacientes tenta associar os episódios a alimentos ou remédios, mas muitos casos não têm causa específica. Soma-se a isso a escassez de especialistas capacitados para diagnosticar a urticária”, explica Régis de Albuquerque Campos, imunologista e coordenador do departamento científico de urticária da Asbai.
Tipos de urticária
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), existem diferentes formas da doença:
- Urticária aguda: sintomas duram menos de seis semanas;
- Urticária crônica: persiste por mais de seis semanas e costuma ser a mais difícil de diagnosticar;
- Urticária induzida: desencadeada por fatores externos como calor, frio, infecções, alimentos, medicamentos;
- Urticária espontânea (ou idiopática): sem causa identificável.
Impacto na saúde e na rotina
Embora não cause lesões permanentes nos órgãos, a urticária pode prejudicar significativamente a qualidade de vida. Uma revisão publicada na Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica destacou impactos como ansiedade, depressão, estresse, distúrbios do sono, disfunção sexual e perda de produtividade.
Em casos mais graves, especialmente quando associada a anafilaxia, a urticária pode provocar falta de ar, vômitos e fechamento da glote, exigindo atendimento médico urgente.
Sintomas que merecem atenção
Os principais sinais da urticária incluem:
- Manchas vermelhas que se parecem com picadas de inseto;
- Coceira intensa;
- Inchaço nos lábios, olhos ou língua (angioedema);
- Lesões que desaparecem em até 24h, mas podem surgir em novas áreas;
- Sintomas respiratórios associados (em casos graves).
Como prevenir e tratar
A melhor forma de prevenir as crises é identificar e evitar os gatilhos, que variam de pessoa para pessoa. Entre as recomendações da SBD para controle dos sintomas estão:
- Evitar calor excessivo, estresse e álcool;
- Reduzir o consumo de alimentos industrializados, embutidos, frutos do mar, chocolate e refrigerantes;
- Manter um diário alimentar para mapear reações.
O tratamento de primeira linha costuma incluir anti-histamínicos de segunda geração, por provocarem menos sonolência. Em casos mais resistentes ou agudos, corticoides podem ser indicados. Se os sintomas persistirem após duas a quatro semanas, pode ser necessário ajustar o tratamento ou iniciar abordagens alternativas.
Especialistas alertam ainda para os perigos da automedicação. “Ela pode mascarar os sintomas e atrasar o diagnóstico, aumentando o risco de complicações graves”, reforça Renan Rangel Bonamigo, coordenador da SBD.
Diante de sintomas persistentes, a orientação é procurar um dermatologista ou imunologista, evitando adiar o início de um tratamento eficaz.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação