Na 66ª Cúpula em Buenos Aires, Lula recebe o comando e projeta integração, segurança, economia verde e protagonismo global até dezembro
A 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada em Buenos Aires, marcou nesta quinta-feira (3) a transição da presidência rotativa do bloco da Argentina para o Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância histórica desse momento durante o evento, celebrado como passo estratégico para impulsionar a integração regional.
Principais destaques da liderança brasileira:
- Acordo Mercosul–União Europeia: priorizado como meta central — o documento já foi finalizado e está em fase de tradução para 27 idiomas; o Brasil aposta em apoio europeu, especialmente da França, para viabilizar a assinatura definitiva.
- Tarifa Externa Comum (TEC): o grupo pretende refinar e ampliar exceções através da Lista de Exceções (Letec), especialmente nos setores automotivo e de açúcar.
- Mercosul verde: será promovida agenda ambiental voltada a cadeias sustentáveis, com foco em energias renováveis e agricultura de baixo carbono.
- Fundo FOCEM 2: segunda fase do Fundo para Convergência Estrutural, que apoia infraestrutura e equidade regional, terá sua implementação impulsionada pelo Brasil.
- Segurança, crime transnacional e cooperação serão tema relevante, sobretudo no combate ao narcotráfico e criminalidade nas fronteiras.
Em seu discurso, Lula também frisou a necessidade de aprofundar laços econômicos com países asiáticos: como China, Japão, Índia, Coreia do Sul, Vietnã e Indonésia, entendendo o continente como o novo “centro dinâmico da economia global” .
O Brasil permanece à frente do Mercosul até dezembro de 2025, quando outro país da ordem alfabética (Bolívia, Paraguai ou Uruguai) assumirá a liderança conforme previsto pelo regulamento de presidência pro tempore. (temporária).
A presidência pro tempore do Mercosul é rotativa e semestral, ou seja, a cada seis meses um novo país assume a liderança do bloco. O Brasil recebeu a presidência em julho de 2025, sucedendo a Argentina, e permanecerá até o final do ano.
Essa cúpula representa, para diplomatas e o Itamaraty, uma chance de reativar o Mercosul como ator relevante na cena internacional, reforçando sua influência econômica, social e ambiental segundo o arcabouço da política externa brasileira .
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação