Deputado licenciado celebra decisão do republicano e cita lei usada para sancionar violadores de direitos humanos
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) causou polêmica nas redes sociais ao pedir que seus seguidores agradecessem ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A declaração foi publicada na noite de quarta-feira (9), poucas horas após o anúncio do republicano.
“Coloque o seu agradecimento ao Presidente Donald Trump abaixo e vamos rumo à Lei Magnitsky!”, escreveu Eduardo no X (antigo Twitter), demonstrando apoio explícito à medida que, segundo especialistas, pode gerar prejuízos bilionários à economia brasileira; especialmente aos setores do agronegócio, aço e aviação.
A menção à Lei Magnitsky também chamou atenção. Criada em 2012 durante o governo Obama, a legislação permite ao governo dos EUA aplicar sanções severas a estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. Entre as punições previstas estão o bloqueio de bens e contas nos Estados Unidos e a proibição de entrada no país.
A reação do deputado ocorre em meio ao acirramento da crise diplomática entre Brasil e EUA, após Trump divulgar uma carta em sua rede social Truth Social endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No documento, além de justificar a tarifa sob alegações de desequilíbrio comercial, o republicano critica o Supremo Tribunal Federal (STF) e se refere ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como uma “caça às bruxas”.
A postura de Eduardo, que está nos EUA desde março, tem sido apontada por adversários políticos como um dos gatilhos da retaliação norte-americana. Ele é investigado no Supremo por, supostamente, incitar autoridades estrangeiras contra o sistema judicial brasileiro; o que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), pode configurar tentativa de obstrução de investigação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Com o gesto de Eduardo, o racha entre as instituições brasileiras se aprofunda e reacende o debate sobre os limites da atuação de parlamentares no exterior. Enquanto o governo Lula avalia recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) e aplicar medidas de retaliação, o agronegócio pressiona por uma resposta “firme e estratégica” para conter os danos econômicos da nova alíquota, que entra em vigor a partir de 1º de agosto.
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Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação