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Haddad responsabiliza bolsonarismo por tarifa de Trump e acusa Tarcísio de “vassalagem”

Ministro da Fazenda critica articulação de Eduardo Bolsonaro nos EUA e diz que extrema direita deu “um tiro no pé” ao prejudicar o próprio país.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elevou o tom nesta quinta-feira (10) ao responsabilizar diretamente o bolsonarismo pela decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Durante entrevista a mídias independentes no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Haddad classificou a medida como consequência de uma “conspiração vergonhosa” articulada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro.

“Isso é assumido publicamente pela pessoa que está nos EUA em nome da família Bolsonaro conspirando contra o Brasil e ameaçando o país”, afirmou o ministro, ao se referir às recentes declarações de Eduardo. Em vídeo publicado nas redes sociais após o anúncio da tarifa, o parlamentar sugeriu que a única forma de evitar “um desastre” seria aprovar uma anistia ampla e responsabilizar autoridades que, segundo ele, abusaram do poder: uma referência direta ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Eduardo está sendo investigado pelo próprio STF por suspeita de incitar autoridades estrangeiras contra instituições brasileiras. Ele está nos Estados Unidos desde março, onde declarou estar “denunciando excessos do Judiciário contra a direita”. Para Haddad, esse movimento tem uma motivação clara: livrar Bolsonaro de uma eventual condenação por tentativa de golpe após as eleições de 2022.

“A única explicação plausível para o que vimos ontem é de caráter político. Envolve a tentativa da família Bolsonaro de escapar do processo judicial em curso. Não conheço precedente histórico de uma atitude tão vergonhosa contra os interesses do próprio país”, disparou o ministro.

Críticas a Tarcísio

O ministro também criticou duramente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que responsabilizou o presidente Lula pela imposição da tarifa. Para Haddad, a declaração foi um “tiro no pé”, já que os setores mais atingidos pela medida;  como a produção de suco de laranja e aeronaves, estão concentrados justamente em São Paulo.

“Ou a pessoa é candidata a presidente ou é candidata a vassalo. Não há espaço para vassalagem no Brasil. Desde 1822, isso acabou. O que se pretende agora? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral, sem qualquer fundamento técnico?”, questionou.

Em resposta, Tarcísio retrucou: “Acho que ele [Haddad] deveria falar menos e trabalhar mais. Se estivesse cuidando bem da economia, o Brasil não estaria indo mal. Há uma agenda fiscal relevante a ser tratada”.

Escalada diplomática e tensão política

A tensão entre os governos brasileiro e norte-americano aumentou após Trump divulgar, em sua rede social Truth Social, uma carta dirigida a Lula. No texto, ele afirma que a relação comercial entre os dois países é “injusta” e atribui a tarifa de 50% ao que chamou de “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro. O ex-presidente brasileiro é réu em ação penal no STF que apura a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes.

O governo Lula estuda medidas de retaliação e avalia recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). Paralelamente, o setor do agronegócio, que será duramente impactado pela nova alíquota, pressiona por uma resposta firme e estratégica. Produtos como carne bovina, café, sucos e aeronaves estão entre os principais alvos da tarifa anunciada por Trump.

No centro do impasse, o gesto de Eduardo Bolsonaro pedindo agradecimentos públicos a Trump nas redes sociais, em plena escalada da crise, ampliou o desgaste político da direita. Para Haddad, o episódio pode se transformar em um “divisor de águas” para a opinião pública: “Mais cedo ou mais tarde, a extrema direita vai ter que reconhecer que jogou contra o Brasil. Isso é indefensável.”

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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