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Alckmin critica tarifa dos EUA e lidera reação em defesa da soberania nacional

Vice-presidente manifestou “indignação” em carta oficial e articula resposta com Congresso e setor produtivo.

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), elevou o tom contra os Estados Unidos após o anúncio de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao país norte-americano. Em carta enviada ao governo dos EUA, ele classificou a medida como injusta e prejudicial, além de reforçar a importância histórica da parceria entre os dois países.

Leia a íntegra do trecho divulgado da carta:

“O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1º de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.”

A ofensiva diplomática de Alckmin se soma a um movimento articulado dentro do governo para enfrentar o chamado “tarifaço” anunciado por Donald Trump. Nesta quarta-feira (16), Alckmin se reuniu com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para discutir uma resposta conjunta.

“Estamos unidos para defender a soberania nacional. O presidente Lula tem enfatizado isso, e a separação dos Poderes é pedra basilar do Estado de Direito da democracia. Na questão comercial, entendemos que é um equívoco do governo americano. Eles têm superávit na balança comercial com o Brasil. Dos dez produtos que mais exportam, oito não pagam nada de imposto, e a tarifa média de importação é de apenas 2,7%. É totalmente inadequado e injusto. Nós vamos trabalhar juntos para reverter essa situação”, afirmou Alckmin após o encontro.

A reunião ocorre em meio à escalada das tensões, após o Departamento de Comércio dos EUA abrir uma investigação contra o Brasil. O inquérito questiona práticas que, segundo o governo norte-americano, vão de tarifas preferenciais e combate à corrupção à proteção de propriedade intelectual e até o desmatamento ilegal. A pauta inclui ainda o mercado de etanol, o comércio digital e os sistemas de pagamento eletrônico, como o Pix.

Alcolumbre reforçou o comprometimento com os empresários brasileiros: “Estamos empenhados em defender a soberania nacional e os empreendedores que geram riquezas para o Brasil”.

Hugo Motta, por sua vez, destacou a necessidade de uma reação rápida. “Não temos dúvida de que nossa população entende que o Brasil não pode ser levado a situações em que decisões externas interfiram em nossa soberania. Com união, compromisso e responsabilidade, vamos superar esse momento, protegendo os brasileiros e brasileiras.”

Alckmin foi designado pelo presidente Lula para liderar o diálogo com o setor empresarial. A proposta é reunir representantes dos segmentos mais afetados para discutir estratégias de enfrentamento, inclusive a possibilidade de solicitar um adiamento da entrada em vigor da tarifa, prevista para 1º de agosto.

O governo brasileiro trabalha para mostrar que o Brasil não aceitará decisões unilaterais que ameacem sua autonomia econômica e articula, ao lado do Congresso e dos empresários, uma resposta à altura.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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