Presidente brasileiro critica tarifa de 50% dos EUA e diz buscar diálogo, mas prepara medidas de retaliação com base na nova Lei da Reciprocidade Econômica.
Em etrevista exclusiva à CNN Internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diante da recente ameaça de tarifar produtos brasileiros em até 50%. Para Lula, Trump ultrapassa os limites do cargo: “Ele não foi eleito para ser o imperador do mundo”, afirmou à âncora Christiane Amanpour.
A declaração ocorre em meio ao clima tenso nas relações comerciais entre os dois países. A medida anunciada por Trump reacendeu críticas à sua política econômica agressiva. Na terça-feira (15), o republicano justificou a tarifa afirmando simplesmente: “Porque eu sou capaz de fazer isso. Ninguém mais seria capaz.”
Questionado sobre motivos de segurança nacional, Trump foi direto: “Temos tarifas em vigor porque queremos tarifas e queremos que o dinheiro entre nos EUA.” Segundo ele, o objetivo é forçar países e empresas a produzirem em solo americano para gerar empregos.
Diante da escalada, o governo Lula tenta abrir um canal de diálogo, mas já demonstrou sua insatisfação de forma oficial. Uma carta assinada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, revelada pela CNN, expressa “indignação” com a nova tarifa e alerta para os impactos negativos da medida sobre as economias dos dois países.
Alckmin, que lidera as negociações com os EUA, tem dito a empresários que a falta de interlocução direta com o governo Trump é um dos maiores entraves. A busca por um nome que dialogue com credibilidade em Washington está em curso.
Como resposta institucional, o governo brasileiro regulamentou nesta semana a Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso em abril. O decreto assinado por Lula autoriza o país a suspender concessões comerciais, obrigações de investimentos e direitos de propriedade intelectual caso sofra sanções unilaterais que prejudiquem sua competitividade no mercado internacional.
Na prática, isso significa que o Brasil poderá aplicar o mesmo nível de restrições comerciais a países que adotarem medidas hostis: como o tarifaço anunciado por Trump.
A legislação também permite ao Executivo reciprocidade em temas como concessão de vistos, contratos e relações diplomáticas, fortalecendo a capacidade de resposta do país frente a ações consideradas arbitrárias por governos estrangeiros.
Enquanto tenta evitar um agravamento do conflito, o governo brasileiro prepara o terreno para responder com firmeza, caso os Estados Unidos confirmem a taxação. Lula, em seu estilo direto, mandou um recado claro: o Brasil não aceitará passivamente imposições que ameacem seus interesses econômicos.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/CNN Brasil