Objetos como sapatos, óculos e uma foto queimada foram entregues pela Justiça; corpo da jovem nunca foi encontrado.
Quinze anos após o brutal assassinato de Eliza Samúdio, sua mãe, Sonia Fátima Moura, recebeu da Justiça alguns pertences da filha que resistiram ao tempo: um par de sapatos, um par de óculos escuros e uma fotografia queimada. A entrega dos objetos foi feita nesta quinta-feira (17) e, para Sonia, representa uma dolorosa lembrança de um luto que nunca teve fim.
“Depois de 15 anos de espera, na esperança de encontrar seus restos mortais, o que a Justiça me devolveu são esses objetos da Eliza”, escreveu em uma publicação nas redes sociais. “Ter esses objetos em minhas mãos é como se o tempo não tivesse passado. A dor continua, é tão intensa, tão crua.”
Sonia ainda revelou que guarda com nitidez as memórias da filha, e que os itens devolvidos representam mais do que simples recordações: “Esses objetos são como um pedaço seu, um pedaço de mim. É difícil acreditar que você se foi há tanto tempo, e de uma forma tão cruel e covarde.”
Apesar da condenação dos responsáveis, o corpo de Eliza Samúdio jamais foi localizado. Em janeiro de 2013, o Tribunal do Júri de Contagem (MG) expediu a certidão de óbito da jovem, que tinha 25 anos na época em que desapareceu.
Relembre o caso
Eliza Samúdio desapareceu no dia 4 de junho de 2010. Na ocasião, comunicou a amigos que faria uma viagem, mas nunca mais foi vista. O caso ganhou repercussão nacional quando as investigações levaram até o então goleiro Bruno Fernandes, que vivia o auge da carreira no Flamengo.
Bruno e Eliza tiveram um relacionamento extraconjugal e, em 2009, ela engravidou do jogador, tornando pública a gestação. O atleta se recusou a assumir a paternidade e, durante a gravidez, Eliza chegou a registrar boletins de ocorrência denunciando ameaças. O filho do casal, Bruninho, nasceu em fevereiro de 2010.
Meses depois, Eliza foi levada ao sítio do goleiro, em Minas Gerais, e nunca mais foi vista. Peças de roupas e fraldas foram encontradas no local. Já o bebê foi resgatado na periferia de Belo Horizonte.
As investigações apontaram que Eliza foi estrangulada e esquartejada, segundo confissões de condenados no caso. No entanto, os restos mortais da jovem nunca foram localizados, o que mantém uma ferida aberta para a família, especialmente para Sonia.
O crime foi considerado uma trama premeditada e cruel. Bruno foi condenado a 20 anos de prisão, mas sempre negou ter planejado a morte da ex-companheira. Mesmo após tantos anos, o caso permanece como um dos episódios mais chocantes da crônica policial brasileira e uma dor ainda sem fim para quem ficou com perguntas sem respostas e o vazio de sua memória.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação