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Aliados veem decisão contra Bolsonaro como recado a Trump e ameaça à reversão do tarifaço

Para oposição, medidas cautelares impostas por Moraes complicam negociações com os EUA e agravam crise diplomática.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que impôs o uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), gerou forte reação na oposição, que vê no gesto um “recado” ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e uma possível ameaça à tentativa de reversão do tarifaço anunciado pelo governo americano contra o Brasil.

Aliados de Bolsonaro no Congresso Nacional avaliam que a ofensiva da Justiça contra o ex-mandatário agrava a crise diplomática com os EUA e pode fechar portas para eventuais negociações políticas com a administração Trump, caso ele volte à Casa Branca.

“Desse jeito fica difícil reverter as sanções do Trump ao povo brasileiro, que não tem culpa de nada, mas que está sendo automaticamente penalizado pelos desvios econômicos do governo Lula”, afirmou a líder da minoria, deputada Caroline De Toni (PL-SC). Para ela, o Supremo estaria atuando com viés autoritário: “É a ditadura do STF”, declarou em vídeo.

A parlamentar também apontou motivação política na decisão judicial. “Está claro que se trata de um recado ao presidente Donald Trump, numa tentativa de criminalizar, amordaçar e amedrontar a direita”, escreveu.

Na mesma linha, o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), disse que a medida prejudica a imagem externa do Brasil num momento delicado. “A operação ocorre enquanto o Brasil já enfrenta uma crise diplomática e comercial com os Estados Unidos da América, agravando ainda mais a deterioração da imagem internacional do país”, afirmou.

Bolsonaro e os EUA

As medidas cautelares impostas por Moraes nesta sexta-feira (18) foram autorizadas no âmbito do inquérito que apura a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, junto a autoridades norte-americanas. De acordo com a Polícia Federal, pai e filho teriam atuado nos últimos meses para incentivar sanções de Washington contra integrantes do Estado brasileiro, em suposta tentativa de deslegitimar instituições como o STF.

Na noite anterior, Trump divulgou uma carta em defesa de Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente brasileiro é alvo de “um sistema injusto”. O norte-americano também pediu a suspensão do julgamento que investiga um suposto plano de golpe para reverter o resultado das eleições de 2022. “Tenho manifestado fortemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política tarifária”, escreveu Trump.

Na semana passada, o ex-presidente americano anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, o que acendeu o alerta em setores da economia e do governo brasileiro. A oposição tenta vincular as sanções comerciais aos ataques da Justiça brasileira a Bolsonaro e seus aliados.

O que diz Bolsonaro

Em sua primeira declaração pública após a decisão, Bolsonaro negou qualquer intenção de fugir do país. “Nunca pensei em sair do Brasil. Nunca pensei em ir para embaixada”, afirmou. Ele também se disse “humilhado” pelas medidas, que incluem, além da tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, e a proibição de se comunicar com outros investigados, embaixadores e diplomatas estrangeiros.

Sua defesa declarou, em nota, que recebeu com “surpresa e indignação” as medidas impostas pelo STF:

“A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.”

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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