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Governo corre contra o tempo e estuda crédito e novos mercados para enfrentar tarifas de Trump

Fazenda e Mdic buscam alternativas emergenciais para minimizar impacto sobre exportadores brasileiros.

Diante da confirmação da tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros, o Ministério da Fazenda intensificou, nesta semana, reuniões com técnicos para elaborar estratégias emergenciais de apoio ao setor produtivo nacional. As discussões ganharam fôlego após o presidente dos Estados Unidos descartar negociações para reduzir o imposto ou adiar sua entrada em vigor, prevista para 1º de agosto.

A avaliação agora, segundo fontes do governo, é de que o país precisa reagir com medidas práticas e imediatas, evitando impactos diretos sobre empresas e setores que dependem fortemente das exportações para os EUA. Entre as prioridades, está a criação de linhas de crédito facilitadas para setores mais afetados.

Fundo temporário e crédito subsidiado em estudo

A ideia que mais ganha força entre técnicos da Fazenda é a criação de um fundo temporário para mitigar prejuízos e manter a competitividade das empresas exportadoras. Ainda em fase inicial, o modelo prevê empréstimos com juros abaixo do mercado, mas ainda não há definição sobre os recursos, tampouco a taxa de financiamento. A Casa Civil já foi acionada para apoiar a construção de uma medida provisória que viabilize a ação, se necessário.

Setores como café, carne, celulose, frutas e sucos, especialmente o suco de laranja, estão entre os mais atingidos. Técnicos da Secretaria de Comércio Exterior também mapeiam quais cadeias produtivas têm mais urgência e poderão ser atendidas prioritariamente.

Busca por novos mercados, mas com entraves

Paralelamente, o Ministério da Fazenda atua junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) para identificar novos mercados, em especial na Europa e Ásia, que possam absorver parte das exportações que perderão competitividade nos Estados Unidos. Também são avaliadas medidas para estimular o consumo interno de produtos antes destinados ao mercado norte-americano.

Entretanto, a avaliação é de que essas alternativas, embora promissoras, não produzirão efeitos imediatos. Ampliar presença no mercado europeu, por exemplo, demanda tempo para adequações logísticas, negociações comerciais e ajustes regulatórios, o que limita sua eficácia como solução emergencial.

Preocupação eleitoral

Segundo fontes da equipe econômica, o governo também está atento ao impacto político e social que a crise pode gerar. Com a aproximação do calendário eleitoral de 2026, o temor é de que o tarifaço afete empregos e renda em estados-chave, como São Paulo e Paraná, que concentram grande parte da produção exportadora atingida.

A ordem de Fernando Haddad é buscar soluções que sejam econômica e politicamente viáveis no curto prazo, sem descartar a possibilidade de retaliações comerciais formais no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).

A expectativa é que, nos próximos dias, o governo anuncie medidas concretas, especialmente para setores que já não conseguem embarcar produtos a tempo de escapar da tarifa. Até lá, a orientação interna é clara: agilidade, articulação e foco nos danos reais à economia nacional.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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