Operação do Ministério Público desarticula grupo liderado por empresário Sidney Oliveira e diretor da Fast Shop que, com ajuda de auditor fiscal, movimentou mais de R$ 1 bilhão em propinas e fraudes tributárias.
Na manhã desta terça-feira (12), o Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos (GEDEC), prendeu três figuras centrais em um sofisticado esquema de corrupção que envolveu grandes empresas do varejo brasileiro. Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, Mario Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, e um auditor fiscal da Secretaria da Fazenda de São Paulo foram detidos sob suspeita de participação em uma rede criminosa que movimentou mais de R$ 1 bilhão em propinas.
Além das prisões temporárias, a operação cumpriu mandados de busca e apreensão em residências e sedes das empresas investigadas, com o intuito de aprofundar as investigações e identificar outros possíveis envolvidos.
O papel do auditor fiscal: elo fundamental do esquema
De acordo com as apurações, o auditor fiscal atuava como o principal operador do esquema dentro da Secretaria da Fazenda. Ele manipulava processos administrativos para facilitar a quitação de créditos tributários das empresas envolvidas, em especial da Ultrafarma e da Fast Shop. Em troca, recebia pagamentos mensais disfarçados por meio de uma empresa de consultoria tributária registrada em nome de sua mãe, Kimio, cuja evolução patrimonial passou de R$ 411 mil em 2021 para impressionantes R$ 2 bilhões em 2023.
Documentos judiciais mostram que o auditor mantinha um controle direto sobre os processos de ressarcimento fiscal, chegando a possuir o certificado digital da Ultrafarma para fazer requerimentos em nome da empresa dentro da Secretaria da Fazenda. Além disso, ele orientava diretamente o diretor fiscal da Ultrafarma, Rogério Caraça, sobre quais créditos poderiam ser ressarcidos.
Sidney Oliveira e Mario Otávio Gomes: líderes com conhecimento do esquema
O empresário Sidney Oliveira, figura pública e responsável pela rede Ultrafarma, é apontado como supervisor e beneficiário do esquema. Mensagens eletrônicas interceptadas pelo MP revelam que Oliveira era constantemente copiado nas comunicações internas entre o auditor fiscal e membros da equipe da Ultrafarma, demonstrando seu conhecimento e controle sobre a operação criminosa.

O empresário Sidney Oliveira
Mario Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, também ocupava papel estratégico, sendo o principal interlocutor da auditoria e responsável pela negociação dos contratos que garantiam o pagamento das propinas. As investigações apontam que Gomes mantinha uma intensa troca de mensagens com o auditor, em mais de 200 registros entre 2022 e 2024, relativos aos serviços de “assessoria tributária” fraudulentos.
Impactos e relevância do caso para o combate à corrupção
O esquema revelado pela Operação Ícaro não se limita apenas à corrupção ativa e passiva, mas também abrange crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. A movimentação bilionária de recursos ilegais evidencia a necessidade urgente de maior fiscalização e transparência nos processos fiscais, especialmente diante do impacto direto que esse tipo de fraude tem no equilíbrio do mercado e na arrecadação pública.
A Ultrafarma, sob o comando de Sidney Oliveira, foi destaque no varejo farmacêutico ao popularizar a oferta de medicamentos a preços acessíveis. Contudo, este caso mostra como práticas ilícitas podem corroer a confiança em grandes marcas e enfraquecer a justiça tributária.
Próximos passos da investigação e repercussão
As investigações seguem em andamento, com a expectativa de novas revelações e identificação de outros envolvidos no esquema. A Justiça busca esclarecer a extensão da rede criminosa e desdobramentos que possam apontar para outras fraudes em setores variados.
As defesas dos acusados e as empresas Ultrafarma e Fast Shop ainda não se manifestaram oficialmente sobre as prisões e acusações.
Este caso reforça a importância da atuação firme das instituições no combate à corrupção e no fortalecimento do sistema tributário, garantindo que grandes corporações atuem dentro da legalidade e em respeito à sociedade.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação