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Crise no STF: ministros reagem a ameaças e estudam retaliação contra bancos e empresas dos EUA

Pressões da família Bolsonaro e aliados de Trump elevam tensão institucional; Corte avalia medidas para proteger soberania financeira e tecnológica do Brasil.

O Supremo Tribunal Federal vive dias de tensão raramente vistos na história recente. Sob ataques diretos da família Bolsonaro e de aliados do ex-presidente americano Donald Trump, que incluem até ameaças de sanções pela Lei Magnitsky, ministros da Corte discutem uma reação dura: retaliar bancos e empresas americanas que operam no Brasil.

Segundo relatos obtidos pelo Metrópoles e pela CNN Brasil, parte do colegiado entende que não é mais possível ignorar o tom das ofensivas, que, para eles, têm a intenção de constranger e submeter o STF. “É preciso dar um basta nessa infantilização coletiva pela qual ou você faz o que eu quero, ou eu vou te punir”, disse um ministro sob anonimato.

A possível resposta inclui restringir ou punir instituições estrangeiras caso bancos brasileiros sejam atingidos por sanções internacionais. O tema ganhou força após o ministro Cristiano Zanin enviar ao procurador-geral da República uma ação do PT para impedir penalizações a bancos nacionais.

Outro ponto sensível é a dependência tecnológica de gigantes americanas, como a Amazon Web Services (AWS), usada por grandes bancos brasileiros. Alguns ministros têm citado a necessidade de fortalecer alternativas nacionais, como a Magalu Cloud, para evitar vulnerabilidades estratégicas. Também está na mesa o debate sobre alternativas ao sistema de transações SWIFT, hoje dominado por interesses ocidentais.

Há, ainda, uma ala mais moderada dentro do STF que defende buscar distensão política. Entre as ideias em circulação, está a de deixar ao Congresso a decisão sobre uma eventual anistia a Jair Bolsonaro; proposta que, segundo apuração do Metrópoles, seria vista por Trump como um gesto para reduzir ataques ao Supremo. A sugestão, porém, enfrenta forte resistência, tanto pela dúvida sobre a constitucionalidade quanto pelo impacto simbólico em meio às investigações em curso.

O impasse expõe um jogo de alto risco: retaliar bancos e empresas americanas poderia reforçar a imagem de um STF que reage com firmeza, mas também trazer impactos econômicos e diplomáticos significativos. Por outro lado, buscar diálogo exigiria abrir mão de uma postura mais combativa, num momento em que parte da sociedade exige reação.

O Brasil assiste, mais uma vez, ao seu Supremo caminhar sobre um fio delicado: entre a defesa da democracia e a preservação de relações estratégicas. As próximas decisões não afetarão apenas a Corte, mas também a posição do país no cenário internacional.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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