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Análise: Tarcísio sobe o tom e adota discurso mais duro contra Lula

Governador de São Paulo ensaia figurino de presidenciável, mas cautela e incertezas ainda freiam passos rumo a 2026.

Há discursos que soam como um simples posicionamento político e há aqueles que carregam ares de ensaio para voos mais altos. O que Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, fez nesta quarta-feira (13) no evento do BTG Pactual pareceu se encaixar na segunda categoria. Diante de empresários e nomes do agronegócio, ele trocou o tom comedido das últimas semanas por falas incisivas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o próprio PT, como quem testa o figurino de um presidenciável.

“A gente anda numa ciranda discutindo picuinha. O Brasil não aguenta mais excesso de gasto, não tolera mais aumento de imposto, o Brasil não aguenta mais corrupção. O Brasil não aguenta mais o PT, o Brasil não aguenta mais o Lula. O mundo tá de porta aberta para o Brasil, a gente já fez grandes coisas. É só trocar o piloto porque o carro é bom para caramba”, disparou Tarcísio, sob aplausos da plateia.

O momento não é qualquer um. O discurso veio no mesmo dia em que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou suas alegações finais no processo da trama golpista: última etapa antes do julgamento. Ao lado de outros governadores de direita no palco, Tarcísio se posicionou como voz de oposição firme, mas ainda com um pé no freio quando o assunto é 2026.

Bastidores de cautela

Aliados próximos garantem que o cenário eleitoral ainda exige paciência. Há a percepção de que Lula pode recuperar popularidade até a próxima eleição — o que mudaria o equilíbrio de forças e, para alguns, tornaria arriscado abandonar o Palácio dos Bandeirantes para disputar o Planalto.

Além disso, a lei eleitoral exige que Tarcísio renuncie ao governo já em abril de 2026, caso queira concorrer à Presidência. Seria entregar o comando do maior estado do país sem a certeza de uma candidatura competitiva contra um PT fortalecido.

Outro obstáculo é a própria fragmentação da direita. A família Bolsonaro ainda busca protagonismo na corrida presidencial, e nomes como Eduardo Bolsonaro já chegaram a bater de frente com o governador. Nos bastidores, também não se descarta a hipótese de Michelle Bolsonaro (PL) entrar no jogo, possivelmente com o apoio de parte da base conservadora, além de movimentos de centro-direita que podem lançar candidatos por partidos como o PSD.

O jogo segue aberto

Por ora, Tarcísio parece disposto a medir cada passo. O tom mais duro contra Lula indica que ele sabe que, em política, o timing é tão importante quanto o discurso. Mas, até que o calendário eleitoral se aproxime, sua estratégia será equilibrar o papel de governador com o de possível presidenciável, sem ainda abrir mão da cautela que, nos bastidores, é vista como sua maior aliada.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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