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Zelensky encontra Trump e líderes europeus sob pressão por acordo de paz com a Rússia

Reunião na Casa Branca expõe divergências e temor de que exigências de Moscou sejam impostas à Ucrânia

Um encontro carregado de expectativa e tensão marca esta segunda-feira (18) em Washington. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chegou à Casa Branca acompanhado de líderes europeus para buscar apoio num momento decisivo da guerra, mas terá de enfrentar também a pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que insiste em um acordo de paz baseado em concessões à Rússia.

Trump, que na semana passada estendeu o tapete vermelho a Vladimir Putin no Alasca, já deixou claro que pretende cobrar de Kiev duas condições que coincidem com as exigências do Kremlin: que a Ucrânia desista da Crimeia, anexada ilegalmente pela Rússia em 2014, e que jamais entre para a Otan. “O presidente Zelensky da Ucrânia pode encerrar a guerra com a Rússia quase imediatamente, se quiser, ou pode continuar lutando”, escreveu o republicano em sua rede social Truth Social.

Pressão sobre Kiev

Zelensky, no entanto, rejeitou de antemão essas propostas. Em declaração feita em Bruxelas, no domingo (17), o presidente ucraniano afirmou que a Constituição de seu país não permite a cessão de territórios. “Precisamos de negociações reais, o que significa que podemos começar onde a linha de frente está agora”, destacou.

A reunião com Trump acontece em duas etapas: primeiro, um encontro privado entre os dois líderes e, em seguida, uma reunião ampliada com representantes do Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Finlândia, União Europeia e Otan. A presença dos aliados tem como objetivo reforçar o apoio a Zelensky e evitar que a pressão norte-americana resulte em um acordo desfavorável a Kiev.

Medo de concessões forçadas

A guerra já dura 42 meses, deixando dezenas de milhares de mortos e milhões de deslocados. O temor dos europeus é de que Trump, em busca de encerrar rapidamente o conflito, force Zelensky a aceitar termos que favoreçam Moscou, em especial a perda de territórios estratégicos no leste da Ucrânia.

Apesar das dificuldades, Zelensky chegou a Washington reforçando seu compromisso de resistir. “A Rússia precisa encerrar esta guerra: a guerra que ela começou. E espero que nossa força compartilhada com os Estados Unidos e nossos amigos europeus leve a Rússia a uma paz real”, escreveu no Telegram após desembarcar nos EUA.

O jogo diplomático

O encontro desta segunda-feira acontece dias depois da cúpula entre Trump e Putin no Alasca. Na ocasião, o presidente americano surpreendeu ao adotar tom mais próximo das propostas russas, defendendo um acordo abrangente de paz enquanto os combates continuam: algo que contraria a visão de Kiev, que exige antes o fim dos bombardeios.

“Grande dia na Casa Branca amanhã. Nunca tivemos tantos líderes europeus ao mesmo tempo. É uma grande honra recebê-los!”, escreveu Trump, demonstrando entusiasmo com a reunião que pode redefinir os rumos da guerra.

Para Zelensky e seus aliados, porém, a missão é clara: resistir às pressões e impedir que o preço da paz seja a entrega da soberania ucraniana.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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