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Prefeitura de Cacoal é alvo de investigação por suspeita de fraude na Saúde

Operação da Draco2 apura desvio e venda irregular de vacinas do SUS em clínica privada do município.

Quando a saúde pública, que deveria ser sinônimo de cuidado e proteção, vira palco de suspeitas de corrupção, a sensação é de indignação e insegurança. Foi exatamente esse o clima que tomou conta de Cacoal nesta semana, após a deflagração da operação A Última Dose”, conduzida pela 2ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco2) com apoio do Ministério Público de Rondônia.

A investigação mira um esquema de desvio e comercialização ilegal de vacinas do Sistema Único de Saúde (SUS), envolvendo servidores públicos e uma clínica particular da cidade. Segundo a polícia, além do prejuízo financeiro, o caso expõe a população a sérios riscos, já que as doses eram aplicadas fora da rede oficial: sem garantia de conservação ou controle de qualidade.

Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Secretaria Municipal de Saúde, no CER II (Centro Especializado em Reabilitação), em residências e também na clínica investigada. Os agentes recolheram documentos, equipamentos eletrônicos e registros que podem comprovar o crime.

Entre os indícios mais graves está a aplicação irregular da vacina BCG, essencial para prevenir formas graves de tuberculose em crianças. O imunizante, que desde maio de 2023 deixou de ser disponibilizado para a rede privada, estaria sendo vendido pela clínica a R$ 200 por dose.

A gravidade vai além do desvio de recursos: ao receber uma vacina fora do circuito oficial, o cidadão não tem qualquer garantia sobre a forma de armazenamento, validade ou eficácia. Ou seja, vidas podem ter sido colocadas em risco por um esquema que teria como principal objetivo o lucro.

Em nota, a Prefeitura de Cacoal afirmou repudiar qualquer prática ilícita e disse que irá colaborar com as investigações. Mas o silêncio do prefeito Adailton Fúria até o fechamento desta edição chama atenção. Diante de denúncias dessa magnitude, o mínimo esperado seria uma posição firme e clara do gestor municipal.

Enquanto isso, a população fica com perguntas que insistem em ecoar: como uma vacina que não estava disponível na rede privada desde 2023 foi parar em uma clínica particular? Quem permitiu que isso acontecesse? E quantas crianças foram expostas a riscos desnecessários nesse processo?

A investigação continua, mas o episódio deixa uma ferida aberta: quando a corrupção se infiltra na saúde, não se trata apenas de dinheiro público desviado. Trata-se de vidas, de confiança e do direito de cada cidadão a um atendimento digno e seguro.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação/PC-RO

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