Cantora faleceu nos EUA após longa luta contra o câncer; artista deixa legado de coragem, representatividade e alegria.
O Brasil amanheceu mais triste neste domingo (20). Morreu aos 50 anos, vítima de complicações de um câncer no intestino, a cantora Preta Gil: uma das artistas mais carismáticas e autênticas da música brasileira. Filha de Gilberto Gil, ela estava nos Estados Unidos, onde tentava um tratamento experimental contra a doença, e partiu após uma batalha marcada por coragem, fé e generosidade.
Preta foi diagnosticada com câncer em janeiro de 2023. Iniciou o tratamento no Brasil com sessões de quimioterapia e radioterapia, e passou por uma cirurgia delicada em agosto de 2024 para retirada de tumores. Por um tempo, os resultados animaram a cantora e seus médicos. Mas, meses depois, a doença evoluiu, atingindo outras partes do corpo e exigindo novas intervenções.
Determinação era algo que não faltava a ela. Mesmo fragilizada fisicamente, Preta decidiu tentar uma nova chance: viajou aos Estados Unidos em busca de uma terapia experimental. Instalada em Nova York, seguia semanalmente para Washington, onde era atendida em um centro oncológico. Nas redes sociais, compartilhava com os fãs cada etapa do processo; com sinceridade, humor e acolhimento. Tornou-se referência e inspiração para muitas pessoas que também enfrentavam a doença.
Últimas homenagens e comoção nacional
Poucas horas antes da morte da artista, o Dia do Amigo foi marcado por homenagens emocionadas de seus grandes parceiros de vida. A atriz Carolina Dieckmann, uma de suas melhores amigas, escreveu:
“Preta é meu colo, e quem também é a dona do meu. Juntas, hoje muito, e sempre, até além. Te amo, e tanto que nem cabe na palavra”, declarou.
Já o apresentador Gominho, também amigo íntimo de Preta, publicou fotos dos dois e escreveu:
“Ela é minha mãe, irmã, família e inspiração pra toda uma vida! Viver com Preta Gil é andar com um clarão de luz que ilumina o mundo. Uma Deusa mulher!”
A notícia de sua morte provocou forte comoção em todo o país. Fãs, artistas e figuras públicas inundaram as redes sociais com mensagens de carinho, tristeza e agradecimento. Gilberto Gil, o pai, publicou uma nota emocionada, agradecendo o amor do público e informando que a família trabalha na repatriação do corpo da filha.
Uma trajetória de luz e liberdade
Preta Gil começou sua carreira artística aos 29 anos e rapidamente se destacou por seu talento, carisma e autenticidade. Criadora do tradicional “Bloco da Preta”, levou multidões às ruas do Rio de Janeiro no Carnaval. Gravou seis álbuns, realizou turnês por todo o Brasil, participou de novelas e programas de TV e deixou uma marca única na música nacional.
Ao longo da carreira, esteve ao lado de nomes como Ivete Sangalo, Lulu Santos e Marília Mendonça. Mas foi além da música. Preta foi símbolo de liberdade, autoestima, resistência e representatividade. Nunca teve medo de quebrar padrões, falar sobre o corpo, sexualidade e as dores e delícias de ser quem se é, com orgulho e coragem.
Sua morte representa uma enorme perda para a cultura brasileira. Mas seu legado vibrante, colorido, forte e amoroso, seguirá vivo no coração de quem a admirava.
Preta Gil nos deixa, mas a luz que ela espalhou continua iluminando o caminho de quem aprendeu com ela a viver sem medo de ser feliz.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Reprodução/Instagram