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Aliados de Bolsonaro minimizam baixa adesão na Paulista e miram redes sociais e discurso de perseguição

Com foco na reta final do julgamento da trama golpista, bolsonaristas priorizam engajamento digital e sustentação narrativa contra o STF

Apesar da baixa adesão ao ato promovido neste domingo (29) na avenida Paulista, em São Paulo, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizam a quantidade de manifestantes e reforçam que o verdadeiro foco é a sustentação da narrativa de perseguição política; especialmente diante da expectativa de julgamento do ex-mandatário e outros sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF) até setembro, no caso da suposta trama golpista.

A manifestação, que reuniu entre 12,4 mil e 16,4 mil pessoas segundo estimativas do Cebrap e do Poder360, foi a menor em público desde 2023, considerando os protestos da direita bolsonarista na avenida. Para efeito de comparação, em fevereiro deste ano, o evento convocado também por Bolsonaro reuniu entre 300 mil e 350 mil pessoas, de acordo com levantamento da PM.

Mesmo com o número modesto, aliados apostam na capilaridade do discurso nas redes sociais. Trechos de falas de parlamentares e lideranças estão sendo usados para impulsionar conteúdo digital com base em um enredo de vitimização, crítica ao STF e tentativa de mobilização da base conservadora.

“A capacidade de mobilização do Bolsonaro é impressionante para um evento que não teve duas semanas de organização. Mas o foco maior é que há um sentimento explícito de injustiça”, disse o deputado General Eduardo Pazuello (PL-RJ).

Recado nas redes e crítica direta ao STF

Discursos no ato foram marcados por ataques diretos aos ministros da Suprema Corte, com falas nominais contra Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) chegou a exibir trechos de áudio dos magistrados, ampliando o tom de confronto institucional.

O presidente de honra do PL, Bolsonaro, discursou exaltando o Legislativo e afirmou que não precisa mais ocupar o Planalto para “mudar o destino do Brasil”; reforçando sua estratégia de focar nas eleições para o Congresso em 2026, enquanto se mantém inelegível por decisões da Justiça Eleitoral.

Explicações e nova convocação

Para tentar explicar a menor adesão, parlamentares bolsonaristas atribuíram a baixa presença a fatores como:

  • Férias escolares e viagens familiares;
  • Final de mês, com menor disponibilidade financeira;
  • Jogo do Flamengo em competição internacional;
  • Pouco tempo de mobilização — apenas 14 dias.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), anunciou que já está sendo organizada uma nova manifestação para o feriado de 7 de Setembro, tradicional data de mobilização bolsonarista desde 2021.

“Desafio a esquerda a colocar mais gente na rua do que nós”, afirmou Sóstenes, em entrevista à CNN.

Para os aliados mais próximos de Bolsonaro, o ato cumpriu seu papel simbólico: reforçar a narrativa de perseguição às vésperas de uma possível condenação no STF e manter a militância mobilizada no ambiente digital: espaço onde o bolsonarismo ainda demonstra grande força.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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