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Aliados sugerem que Lula reduza tensão e evite embate direto com Trump

Assessores defendem tom mais institucional na crise com os EUA, mas reforço ao discurso nacionalista pode fortalecer Lula rumo a 2026.

Com a crise comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhando contornos mais políticos, aliados próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que o momento exige uma mudança de tom nas declarações públicas. A orientação, nos bastidores, é clara: manter a firmeza na defesa da soberania nacional, mas sem transformar o embate com Donald Trump em um confronto pessoal.

A preocupação é que a tensão bilateral; desencadeada após o anúncio do tarifaço de 50% a produtos brasileiros, escale para o que vem sendo chamado de “guerra de narrativas” entre chefes de Estado. Para integrantes do núcleo político do Planalto, esse caminho poderia endurecer ainda mais a postura de Washington e fechar portas para uma solução negociada.

A ideia, segundo um interlocutor próximo ao presidente, não é que Lula recue. O discurso nacionalista, dizem, deve ser mantido, mas com um tom mais institucional e estratégico. Em vez de ataques diretos, o governo quer reforçar a crítica à interferência externa em assuntos internos do país, sobretudo nas decisões da Justiça, como deixou implícito o teor da carta enviada por Trump no início do mês.

Chile como palco diplomático

Essa reavaliação do tom acontece às vésperas da viagem de Lula ao Chile, onde participará de um encontro com lideranças progressistas da América Latina e Europa. Além do anfitrião Gabriel Boric, também estarão presentes Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (Uruguai) e Pedro Sánchez (Espanha). Nos bastidores, aliados enxergam a reunião como uma oportunidade para construir uma resposta diplomática mais ampla às recentes medidas do governo Trump.

Embora Lula tenha evitado discutir abertamente o tarifaço com os colegas estrangeiros, o encontro pode ganhar relevância como palco simbólico para reforçar o compromisso com a democracia, o multilateralismo e a autonomia dos países latino-americanos diante de pressões externas.

De olho em 2026

A crise com os Estados Unidos, que começou com argumentos comerciais e rapidamente descambou para o campo político, já começa a ser lida dentro do Planalto também sob a ótica eleitoral. Para aliados de Lula, o discurso de defesa da soberania nacional pode se transformar, no médio e longo prazo, em ativo político importante para 2026.

A comparação com Trump; com sua retórica agressiva, sanções econômicas e críticas ao Judiciário brasileiro, pode funcionar como contraponto útil a Lula, especialmente em um cenário de polarização.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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