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Análise: Israel amplia ataques ao Irã e arrisca nova guerra sem fim

Bombardeios, retaliações e dezenas de mortos marcam a escalada do conflito, enquanto faltam metas claras e um plano de saída para a ofensiva israelense

O conflito entre Israel e Irã entrou em uma nova e perigosa fase de escalada. Após um fim de semana marcado por bombardeios intensos, retaliações e um rastro de destruição, o cenário nesta segunda-feira (16) é de incerteza e medo. As ofensivas continuam, mas o governo israelense segue sem apresentar um plano claro de como e quando, pretende encerrar as hostilidades.

Durante a madrugada, o Irã lançou uma nova onda de mísseis contra cidades israelenses como Tel Aviv, Jerusalém e Haifa. Sirenes de alerta soaram por toda a região central do país, enquanto as defesas aéreas tentavam conter os projéteis. Mesmo com os esforços, diversos edifícios residenciais foram atingidos e a área de uma refinaria de petróleo em Haifa foi seriamente danificada, provocando incêndios e afetando a infraestrutura local.

O amanhecer revelou um cenário desolador: ruas cobertas de destroços, vitrines estilhaçadas, carros destruídos e moradores em estado de choque. Em Tel Aviv, pessoas se abraçavam nas calçadas, tentando processar o que aconteceu enquanto equipes de emergência vasculhavam os escombros em busca de sobreviventes.

Segundo o governo israelense, ao menos oito pessoas morreram nos ataques da noite, elevando para 24 o total de vítimas fatais em Israel desde o início das hostilidades. As mortes mais recentes foram registradas em Haifa, Bnei Brak e Petah Tikva.

Do lado iraniano, os números também são alarmantes. O Ministério da Saúde do Irã divulgou que 224 pessoas morreram e 1.277 estão feridas, a maioria civis. A situação nas ruas de Teerã é de tensão e pânico. Longas filas se formaram nos postos de gasolina, com moradores tentando deixar a cidade em meio ao clima de medo.

Israel, por sua vez, intensificou ainda mais suas ofensivas. No domingo (15), caças israelenses bombardearam centros de comando da Força Quds: unidade de elite da Guarda Revolucionária iraniana e locais de lançamento de mísseis. Um dos alvos foi o chefe de inteligência da Guarda, que morreu no ataque.

Mesmo com os sucessos militares iniciais, cresce dentro e fora de Israel a dúvida sobre os limites dessa ofensiva. Fontes do governo israelense admitiram à imprensa internacional que não há um prazo estabelecido para o fim das operações. Segundo uma fonte citada pela CNN, a expectativa é que os ataques enfraqueçam a posição do Irã em futuras negociações nucleares. Mas, ao mesmo tempo, autoridades reconhecem que o desfecho deste confronto será inevitavelmente diplomático – não militar.

A ausência de uma estratégia de saída também expõe o isolamento de Israel no campo militar. Embora os Estados Unidos tenham ajudado na defesa antiaérea, o governo americano, liderado por Donald Trump, resiste a qualquer envolvimento direto nos ataques ao Irã. Trump, inclusive, rejeitou um plano israelense que previa o assassinato do líder supremo iraniano, Aiatolá Ali Khamenei.

Enquanto tenta lidar com os danos internos e a pressão internacional, Netanyahu faz apelos à população iraniana para que se rebele contra o regime. Mas, como a própria história recente mostra, bombardeios estrangeiros costumam unir a população em torno de seus líderes; mesmo os mais impopulares.

O paralelo com Gaza é inevitável. Desde os ataques de outubro de 2023, Israel mantém uma guerra prolongada contra o Hamas, sem conseguir alcançar plenamente os objetivos declarados. Agora, diante de mais um conflito de grandes proporções, cresce o temor de que o país esteja se encaminhando para mais uma guerra de atrito, exaustiva e sem previsão de fim.

Texrto: Daniela Castelo Branco

Foto/: Divulgação/CNN

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