Setor privado acredita que apenas uma negociação direta entre presidentes pode reverter o congelamento das negociações e minimizar prejuízos.
Após o cancelamento da reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que havia sido vista como uma janela importante para avançar nas tratativas sobre o tarifaço, o cenário voltou à estaca zero. Empresários ouvidos pela CNN manifestam preocupação e apontam que a situação só terá uma solução com um gesto político forte: uma ligação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Donald Trump.
Empresários defendem gesto simbólico para destravar diálogo
Para o setor privado, um telefonema de Lula para Trump representaria um sinal claro de que o Brasil quer reatar o diálogo e evitar prejuízos maiores para a economia nacional. A percepção é que a interlocução por ministros e técnicos não tem avançado diante das turbulências políticas recentes, e que somente o contato direto entre os dois chefes de Estado pode reacender as negociações.
Além disso, empresários ressaltam que o próprio Trump já sinalizou estar aberto a esse tipo de conversa, o que reforça o apelo para que Lula tome a iniciativa.
Lula mantém resistência, empresários insistem
Apesar da pressão, Lula tem dito publicamente que não vê motivos para esse telefonema e que não pretende se “humilhar” diante dos Estados Unidos. A posição, para alguns do setor privado, pode prolongar o impasse e agravar os impactos negativos do tarifaço sobre setores estratégicos.
Embora reconheçam os esforços do vice-presidente Geraldo Alckmin na busca por uma solução negociada, empresários reforçam que o plano de contingência anunciado pelo governo, ainda que positivo, não é suficiente para cobrir as perdas projetadas no comércio com os EUA.
A conta pode sair cara para o Brasil
Com a negociação paralisada, cresce a apreensão entre os empresários quanto ao futuro das exportações brasileiras, especialmente para o mercado americano, um dos maiores consumidores dos produtos nacionais. O temor é que a ausência de um diálogo direto e claro entre Lula e Trump prolongue o conflito comercial, dificultando acordos e ampliando o impacto negativo para a economia brasileira.
Texto: Daniela Castelo Branco
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