Home / Politica / Após medidas cautelares contra Bolsonaro, deputado Coronel Chrisóstomo convoca apoio das Forças Armadas e da imprensa

Após medidas cautelares contra Bolsonaro, deputado Coronel Chrisóstomo convoca apoio das Forças Armadas e da imprensa

Deputado bolsonarista invoca 1964 ao criticar STF e pede mobilização das Forças Armadas e da imprensa contra decisão que impõe restrições a Bolsonaro.

Na sexta-feira (18 de julho de 2025), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, impôs uma série de medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, desencadeando um novo capítulo na crise política. Entre as restrições determinadas estão o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e nos finais de semana, proibição de acesso às redes sociais, vedação de contato com outros investigados, além de impedimento de aproximação de embaixadas ou diplomatas estrangeiros.

O que motivou a medida

A decisão do relator no STF, Alexandre de Moraes, foi reforçada pela maioria da Primeira Turma, que enxergou risco concreto de fuga e continuidade de atos de obstrução à Justiça e ameaças à soberania nacional. A Polícia Federal apreendeu, entre outros itens, cerca de US$ 14 mil, R$ 8 mil, um pen drive oculto e uma petição direcionada a Moraes, o que reforçou as suspeitas de planejamento de fuga.

A reação da oposição

Durante coletiva no Senado, parlamentares da bancada do PL classificaram as restrições como “arbitrárias”, “autoritárias” e indicativas de um “estado de exceção.

O ponto alto da crise veio com o posicionamento do deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL‑RO), vice-líder da oposição. Ele fez referências explícitas ao golpe militar de 1964: “Em 64, a imprensa agiu em favor do povo… Forças Armadas, estejam ao lado do povo brasileiro” e conclamou a imprensa e os militares a apoiarem o que chamou de “contra-ataque” ao STF.

Jornalistas presentes reagiram com estranhamento à menção ao golpe, questionando os limites entre apoio institucional e intervenção constitucional. O senador Carlos Portinho (PL‑RJ), embora parte da estrutura que articulou a coletiva, tentou minimizar: afirmou que a posição era pessoal de Chrisóstomo e que a bancada não defendia intervenção

O que dizem os especialistas

Juristas consultados por veículos como UOL e InfoMoney lembram que a tornozeleira é um dispositivo previsto desde 2010, usado com objetivo de garantir cumprimento da lei, especialmente em casos de risco de fuga ou obstrução. Segundo assessores do STF, a decisão segue rito legal e envolve monitoramento por GPS 24h, energia diária e envio automático de alertas em caso de violação.

O que vem agora

O impasse a partir de sexta-feira, avança rumo à próxima segunda (21). A votação íntegra na turma do STF precisa ser concluída até lá. O ministro Luiz Fux ainda não havia registrado seu voto, mas a decisão já era praticamente selada por maioria. Enquanto isso, Coube ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, confirmar que o recesso parlamentar seguirá até 4 de agosto, adiando qualquer reação legislativa.

No front externo, a carta de apoio do ex-presidente dos EUA Donald Trump foi interpretada por aliados de Bolsonaro como reforço internacional, mas irritou o Palácio do Planalto e fortaleceu o discurso de “humilhação constitucional” do ex-mandatário.

Cenário atual

  • Tornozeleira eletrônica: medida inédita para ex-presidente e ocorrida dentro de um contexto de risco de fuga e articulação de obstrução à Justiça.
  • Reações: acusação de autoritarismo por parte do PL; juristas apontam legalidade e razoabilidade da medida.
  • Discursos radicais: coronel Chrisóstomo faz apelo com referência a 1964, provocando tensão entre autoridades e imprensa.
  • Próximos passos: expectativa pela conclusão da votação na Turma do STF até segunda-feira (21) e retomada legislativa apenas em agosto.

A crise política segue em níveis elevados, com tensões entre os Poderes, possíveis reverberações militares e ampla discussão sobre limites institucionais. O reforço simbólico de Chrisóstomo leva o debate para um campo delicado: até onde vai o discurso político e onde começa o risco institucional?

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *