Advogados de acusados em suposta trama golpista buscam convencer ministros com memoriais e pedidos de absolvição ou penas menores.
A menos de 24 horas do início do julgamento que pode marcar a história recente do país, a movimentação nos corredores do Supremo Tribunal Federal se intensificou. Advogados dos réus ligados à suposta trama golpista têm feito uma verdadeira maratona pelos gabinetes da Primeira Turma do STF, na tentativa de sensibilizar os ministros antes da primeira sessão, marcada para esta terça-feira (2).
Cristiano Zanin, presidente da turma; Alexandre de Moraes, relator do processo; Luiz Fux e Flávio Dino já receberam parte das equipes de defesa. Entre os que mais se mobilizaram estão os representantes do general Augusto Heleno, do ex-ministro Anderson Torres, do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
O esforço inclui a entrega de memoriais: versões resumidas das teses de defesa e conversas diretas, em que os advogados reforçam argumentos pela absolvição ou, ao menos, pela redução de eventuais penas. A defesa de Mauro Cid, por exemplo, já foi recebida por Moraes, Zanin e Fux, enquanto a reunião com Dino ficou para a próxima semana.
Essa ofensiva começou ainda na segunda quinzena de agosto, tendo Zanin como o primeiro a abrir espaço para os encontros. A expectativa, agora, é de que a estratégia de proximidade possa influenciar, de alguma forma, a avaliação dos magistrados.
Os réus pertencem ao chamado “núcleo crucial” da investigação; entre eles, Bolsonaro, Braga Netto, Almir Garnier, Alexandre Ramagem e os quatro que intensificaram o lobby nos últimos dias. Todos são acusados de articular um plano para manter o ex-presidente no poder e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Todos, no entanto, negam as acusações.
Enquanto as defesas percorrem gabinetes em busca de algum espaço de convencimento, cresce no país a expectativa por um julgamento que vai muito além da sorte individual de cada réu. O que estará em jogo a partir desta terça é a própria resposta institucional às tentativas de abalar a democracia; um teste de resistência que, cedo ou tarde, entrará para a memória coletiva.
Texto: Daniela Castelo Branco
Divulgação/STF