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Ataques do Irã deixam hospital em Israel destruído e mais de 270 pessoas feridas; país fala em crime de guerra

Míssil atingiu importante centro médico no sul do país, causando danos extensos e elevando o número de feridos; mais de 2.300 já foram hospitalizados desde o início do conflito

O aumento da tensão no Oriente Médio tem deixado marcas profundas em Israel, tanto no campo militar quanto no humanitário. Nas últimas 24 horas, pelo menos 271 pessoas foram hospitalizadas em território israelense após uma nova onda de ataques do Irã, segundo informações do Ministério da Saúde de Israel divulgadas na manhã desta quinta-feira (19).

Entre os feridos, quatro estão em estado grave, 16 em condição moderada e 24 precisaram de atendimento por crises de ansiedade, reflexo direto do clima de medo e incerteza que domina o país desde o início da ofensiva iraniana. As demais vítimas apresentam ferimentos leves ou seguem em avaliação.

Um dos episódios mais críticos dessa nova escalada foi o ataque direto ao Centro Médico Soroka, em Beer Sheva, no sul de Israel. Um míssil iraniano atingiu o hospital, provocando o que as autoridades locais descreveram como “extensa destruição”. Imagens compartilhadas nas redes sociais, especialmente no Telegram, mostram o cenário de devastação: estruturas danificadas, janelas estilhaçadas, escombros espalhados e pacientes sendo evacuados às pressas.

O Soroka é um dos principais centros médicos do país, atendendo a uma população de mais de 1 milhão de pessoas na região sul, incluindo muitos dos feridos vindos da Faixa de Gaza. Localizado a apenas 35 quilômetros da fronteira com Gaza, o hospital tem sido um ponto estratégico no atendimento emergencial desde o início da guerra.

Segundo o serviço de emergência Magen David Adom (MDA), além dos danos estruturais, uma mulher de 60 anos ficou ferida no ataque ao hospital.

“Linha vermelha foi cruzada”, diz ministro

O episódio provocou forte reação do governo israelense. O ministro da Saúde, Uriel Busso, foi direto em sua declaração: “A linha vermelha foi cruzada. O regime ditatorial de Teerã está agindo como uma organização terrorista bárbara. Atacar um hospital é um crime de guerra desprezível”, disse ele em postagem na rede X (antigo Twitter).

A acusação de crime de guerra foi reforçada por outras autoridades locais. O Irã, por sua vez, declarou que o alvo da operação era um centro de comando e inteligência de Israel, supostamente localizado nas proximidades do hospital.

Número de feridos ultrapassa 2.300 desde o início da ofensiva

O Ministério da Saúde de Israel informou ainda que, desde o início da operação militar israelense “Leão em Ascensão”, na última sexta-feira (13), mais de 2.300 pessoas já foram hospitalizadas em todo o país, muitas delas vítimas dos mísseis disparados pelo Irã em resposta às ações militares israelenses.

Embora a maioria dessas vítimas já tenha recebido alta, o novo ataque reacende os alertas sobre a vulnerabilidade de estruturas civis, como hospitais, em meio ao conflito.

Contexto de uma escalada perigosa

Os ataques desta semana são parte de uma sequência de represálias entre Israel e Irã, que ganhou intensidade após os bombardeios israelenses a alvos estratégicos iranianos no início do mês. A situação coloca a região sob risco de um conflito ainda mais amplo, com repercussões humanitárias, diplomáticas e militares imprevisíveis.

Enquanto a diplomacia internacional tenta intervir, o clima nas ruas de Israel é de apreensão. Com centros médicos danificados, centenas de feridos e um número crescente de vítimas emocionais, o país enfrenta uma das fases mais tensas desde o início das hostilidades com o Irã.

Linha do Tempo do Conflito Israel–Irã

13 de junho de 2025

  • Israel lança a “Operação Leão em Ascensão, com ataques aéreos contra instalações nucleares e militares no Irã (Natanz, Arak, Teerã), utilizando cerca de 100 aeronaves, resultando na morte de altos comandantes do IRGC e cientistas nucleares.
  • Paralelamente, o Mossad teria conduzido sabotagens com drones dentro do território iraniano, visando sistemas de defesa aérea

14 de junho de 2025

  • O Irã inicia sua retaliação com uma série de drones e mais de 150 mísseis contra alvos terrestres e radares israelenses, incluindo regiões como Negev e arredores de Haifa

16 de junho de 2025

  • Nova ofensiva iraniana com mais de 150 mísseis e drones, atingindo Tel Aviv, Haifa, Petah Tikva e até o prédio da embaixada dos EUA. Pelo menos 5 civis morreram e cerca de 90 ficaram feridosUm míssil danifica o aeroporto de Tel Aviv, marcando a primeira vez que o terminal é atingido diretamente .

17 de junho de 2025 (até 19/06)

  • Centro Médico Soroka, em Beer‑Sheva, é atingido por míssil iraniano. Houve evacuação prévia e pelo menos 65 a 71 feridos leves, com danos estruturais e pacientes deslocados
  • Autoridades israelenses identificam o ataque como “crime de guerra” e afirmam que o Irã visava um centro de comando militar nas proximidades Pelo menos 271 pessoas foram hospitalizadas hoje em Israel, incluindo 4 em estado grave, 16 moderados e 24 atendidas por ansiedade
  • Desde o início da operação, mais de 2.300 hospitalizações ocorreram em Israel.

Contexto e Desdobramentos

  • O embate atual é o primeiro confronto militar direto em larga escala entre Israel e Irã, depois de anos de ataques encobertos, sabotagens cibernéticas (como Stuxnet, 2010), e operações de inteligência ou por procuração .
  • A ofensiva israelense visou neutralizar o programa nuclear iraniano, enquanto o Irã retaliou com mísseis e drones visando alvos estratégicos israelenses, incluindo áreas civis e infraestrutura médica
  • A detecção de danos ao hospital Soroka, mobilizando equipes médicas e exigindo evacuação de pacientes vulneráveis, acendeu um debate internacional sobre a violação de normas humanitárias
  • A ofensiva já provocou refugiados internos no Irã, incluindo fuga de civis de Teerã
  • A escalada interrompeu voos e elevou o preço do petróleo, enquanto potências globais e regionais fazem alertas sobre o risco de uma guerra mais ampla

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação/CNN

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