Júnior Gonçalves revela investigações fraudulentas e acusa aliados do governo de tentarem destruir reputações e manipular o sistema de justiça; a disputa interna do governo de Rondônia entra em um novo e explosivo capítulo.
Em uma coletiva de imprensa marcada por denúncias graves, Júnior Gonçalves, ex-Chefe da Casa Civil de Rondônia, aprofundou a crise política envolvendo o governo do governador Marcos Rocha. Na manhã desta sexta-feira (13), Gonçalves acusou membros do Executivo estadual de orquestrar um esquema de espionagem, investigações fraudulentas e uma série de operações ilegais com o objetivo de destruir reputações e silenciar opositores políticos.

Governador Marcos Rocha e Júnior Gonçalves – Foto: Divulgação Portal do Rio Madeira
Durante a coletiva, Gonçalves afirmou que os maiores opositores do governo não estão mais do lado de fora, mas dentro da própria administração, acusando um círculo de aliados de Rocha de trabalhar contra ele e outros membros do governo. “Os ataques que venho sofrendo são orquestrados por pessoas de dentro do próprio governo, que têm usado seu poder para manipular investigações e operações contra adversários políticos”, disparou o ex-secretário.
O suposto esquema de espionagem e manipulação de investigações
De maneira detalhada, Gonçalves relatou que o deputado estadual Ribeiro do Sinpol, o delegado Marcos Correia, e o chefe da Casa Civil Elias Rezende estariam envolvidos em um esquema de manipulação de investigações e criação de inquéritos fraudulentos. Segundo Gonçalves, o objetivo seria usar os sistemas de inteligência e investigação do Estado para forjar dossiês e arruinar a imagem de opositores dentro do próprio governo, com destaque para o enfraquecimento político do vice-governador.
“O que estão fazendo aqui em Rondônia não é apenas uma disputa política. É uma tentativa de destruir vidas, carreiras e famílias inteiras”, acusou Gonçalves, referindo-se a um suposto plano para enfraquecer o vice-governador e impedir sua candidatura à governadoria em 2026. Ele destacou que o delegado Marcos Correia estaria acessando informações sensíveis de maneira ilegal para manipular investigações e criar um cenário de perseguição política.
A mudança na Polícia Civil e os impactos no esquema
A troca de comando na Polícia Civil, com a nomeação de Jeremias Mendes para a direção-geral, também foi abordada pelo ex-secretário, que afirmou que a decisão foi parte de um processo para garantir o andamento das operações fraudulentas. A exoneração da delegada Simone Barbieri, que estava conduzindo investigações sobre um possível desvio de recursos no governo, teria sido uma manobra para proteger aliados e impedir a continuidade das apurações.
“Eles querem destruir aqueles que estão fora de seus planos e garantir o controle sobre as investigações. Não é coincidência que a delegada Barbieri tenha sido removida, pois ela estava à frente de uma investigação que envolvia pessoas muito próximas ao governo”, apontou Gonçalves.
Acusações de corrupção e desvio de recursos: Gonçalves defende sua inocência
No âmbito das acusações de desvio de R$ 150 milhões nas Secretarias de Saúde (Sesau) e Educação (Seduc), Gonçalves negou qualquer envolvimento, lembrando que, como chefe da Casa Civil, não tinha responsabilidade sobre compras ou contratos. Ele destacou que as ações de licitação e pagamento eram de competência de outros secretários, muitos dos quais foram indicados por Marcos Rocha devido a relações de longa data com o governador.
Gonçalves também ressaltou que a Casa Civil, por sua natureza, é subordinada diretamente ao governador, e que todas as ações do setor passavam pela sua aprovação. “Se meu trabalho estava incorreto, por que continuei seis anos no cargo, sendo reconduzido no segundo mandato do governador? Fui coordenador da campanha de reeleição de Marcos Rocha, e se meu trabalho fosse tão errado, teria sido substituído”, questionou Gonçalves.
Em relação ao patrimônio pessoal, ele se defendeu das acusações dizendo que seu bem-estar financeiro é completamente transparente e declarado à Receita Federal, ressaltando que sua BMW, mencionada por adversários, foi adquirida antes mesmo de seu envolvimento direto com o governo, durante a campanha de 2019.
Disputa interna e ataques à sua família
A crise interna e as disputas políticas também afetaram sua família, que, segundo Gonçalves, está sendo alvo de ataques pessoais. O ex-secretário lamentou que seus filhos e esposa estejam sendo expostos à pressão política, mas afirmou que sua família está disposta a se defender contra as “narrativas falsas” criadas por aqueles que buscam destruir sua honra.
“Aquilo que estão tentando construir sobre minha pessoa e minha família é uma mentira. Toda a minha vida está documentada e é transparente. Minha família está sendo atacada porque estamos sendo envolvidos em uma guerra política desleal”, explicou Gonçalves.
Futuro político e as implicações para o governo Marcos Rocha
Com o escopo das denúncias feitas por Júnior Gonçalves, a crise interna do governo de Marcos Rocha entra em um novo e perigoso estágio. As acusações de manipulação política e investigação fraudulenta não só colocam em xeque a governabilidade do atual governo, mas também geram sérias implicações para a futura administração estadual.
Em resposta às alegações de Gonçalves, o governo Marcos Rocha ainda não se manifestou de forma oficial. No entanto, a crise política parece estar longe de ser resolvida, e a disputa interna no governo promete ter desdobramentos significativos, tanto para o futuro de Rocha quanto para as relações de poder no estado.
Enquanto isso, o clima político em Rondônia se torna cada vez mais tenso. Gonçalves, ao expor esses detalhes, coloca o governo Marcos Rocha diante de um dilema de sobrevivência política. A questão é saber até onde as investigações, as acusações e os interesses pessoais e partidários vão desaguar, impactando diretamente o futuro político do estado nos próximos anos.
A coletiva de imprensa foi transmitida pelo instagram de Júnior Gonçalves.
Texto: Redação
Foto: Evandro Lima