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Bolsonaristas articulam ida de Alcolumbre e Motta aos EUA em troca de anistia

Grupo quer negociar tarifaço com Trump e usar aproximação como moeda para perdão a golpistas do 8 de janeiro.

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) articulam uma estratégia ousada nos bastidores de Brasília: levar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), à Casa Branca para negociar o tarifaço imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros. Em troca, exigem que os parlamentares se comprometam a pautar a anistia dos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e a não barrar o avanço de pedidos de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A ideia vem sendo costurada pelo PL com apoio direto do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do jornalista Paulo Figueiredo, que estão em Washington em interlocução com aliados do ex-presidente norte-americano. A proposta é apresentar Alcolumbre e Motta como articuladores de uma solução diplomática para conter o impacto das tarifas que ameaçam setores estratégicos da economia brasileira, como o agro.

Segundo Figueiredo, que é réu no processo sobre a tentativa de golpe de Estado, os líderes do Congresso só serão levados à Casa Branca se houver um compromisso prévio com a anistia dos bolsonaristas investigados. “Sem isso, não tem o que fazer com eles na Casa Branca”, afirmou ele à CNN.

A manobra também serviria para atrair o Centrão: grupo político com forte influência no Congresso, às pautas bolsonaristas. Nos bastidores, no entanto, o movimento encontra resistência. O Centrão evita um alinhamento público com Trump e o ex-presidente brasileiro, preocupado com a repercussão negativa entre empresários e eleitores em ano pré-eleitoral.

Apesar das tentativas, as chances de avanço das pautas no Congresso são consideradas baixas neste momento. A crise causada pelo tarifaço, que já provoca forte pressão sobre o setor agrícola, sobretudo o de suco de laranja, tem dificultado o apoio a uma agenda vista como oportunista por parte dos opositores.

Enquanto isso, os bolsonaristas aumentam a pressão. Alcolumbre e Motta são alertados de que, se não colaborarem com o grupo, podem acabar na mira de novas sanções planejadas por Trump, como a aplicação da Lei Magnitsky; que prevê restrições econômicas a pessoas envolvidas em corrupção ou violações de direitos humanos.

A movimentação bolsonarista escancarou o uso político do tarifaço como ferramenta de barganha, em um momento em que o Congresso ainda digere os impactos econômicos das sanções americanas e os reflexos da crise institucional que assombra o país desde os ataques golpistas de 2023.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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