Governo brasileiro alerta para riscos à paz mundial e à economia global, pedindo moderação diante da escalada de tensões no Oriente Médio.
O governo brasileiro condenou, nesta sexta-feira (13), os ataques aéreos realizados por Israel contra o Irã, ocorridos na madrugada de quinta-feira (12), em uma ofensiva que atingiu infraestruturas nucleares iranianas e resultou na morte de diversos militares de alto escalão. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) classificou a ação como uma “violação da soberania” iraniana e do direito internacional, alertando para as graves consequências de uma escalada de violência na região.
A ofensiva, que marca um novo capítulo nas tensões de longa data entre Israel e Irã, gera temores de um conflito de proporções globais. O Brasil, tradicionalmente defensor da diplomacia e da paz, emitiu um apelo claro por “máxima contenção” de todas as partes envolvidas e pediu o “fim imediato das hostilidades”, enfatizando a importância de se evitar uma guerra de grande escala que comprometeria a paz mundial e a estabilidade econômica global.
Posicionamento brasileiro: a busca por soluções pacíficas
Na nota divulgada pelo Itamaraty, o governo brasileiro expressou sua “profunda preocupação” com a violência crescente no Oriente Médio e ressaltou que os ataques israelenses colocam em risco a estabilidade de toda a região. O Brasil reiterou seu compromisso com a diplomacia, destacando que a Embaixada em Teerã está em contato com os brasileiros no Irã e monitorando a situação com atenção. O país reforçou também a importância de se buscar uma solução pacífica, utilizando todos os mecanismos diplomáticos disponíveis para evitar uma escalada do conflito.
“A situação no Oriente Médio exige uma resposta com foco no diálogo e na negociação. O Brasil repudia qualquer violação da soberania nacional e do direito internacional, e defende a paz como prioridade nas relações internacionais”, afirmou o comunicado oficial.
O contexto da crise: tensões históricas e novas agressões
O ataque israelense veio em resposta a alegações de que o Irã estaria desenvolvendo armas nucleares capazes de atingir Israel. O bombardeio teve como alvo as instalações nucleares do país, além de resultar na morte de três importantes líderes militares iranianos, conforme confirmado pelo líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei. Em retaliação, o Irã lançou mais de 100 drones contra o território israelense, ampliando as tensões na região.
Este ataque é o ponto culminante de uma série de confrontos indiretos entre os dois países, que, desde a Revolução Islâmica de 1979, se mantêm em um estado de hostilidade constante. O Irã apoia grupos como o Hamas e o Hezbollah, enquanto Israel realiza ataques cirúrgicos contra alvos iranianos e seus aliados. A ofensiva de 2025, no entanto, representa uma intensificação alarmante dessas tensões, elevando o conflito para um novo patamar.
Reações internacionais: uma comunidade global dividida
A comunidade internacional reagiu com crescente preocupação ao ataque israelense, com muitos países condenando a ofensiva como uma violação da soberania iraniana e do direito internacional. França, Turquia, Egito, Arábia Saudita, Catar, Paquistão e Emirados Árabes Unidos se manifestaram contra a ação israelense, exortando os envolvidos a buscarem a paz.
A Rússia expressou “profunda preocupação” com o risco de uma “escalada explosiva”, enquanto os Estados Unidos, principal aliado de Israel, defenderam o ataque como um ato legítimo de “autodefesa”, argumentando que os alvos eram exclusivamente militares e que áreas civis foram evitadas.
O Conselho de Segurança da ONU foi convocado para uma reunião emergencial sobre a situação, mas as tentativas anteriores de resoluções propostas pelo Brasil em 2023, que buscavam uma abordagem mais equilibrada e diplomática, foram vetadas pelos Estados Unidos. Esse veto ilustra a complexidade do cenário internacional, em que os interesses de grandes potências divergem quanto à melhor forma de abordar a crise.
O impacto global: uma economia em risco
A escalada do conflito entre Israel e Irã não afeta apenas os países diretamente envolvidos, mas gera temores sobre as repercussões econômicas para o mundo todo. O Oriente Médio é uma região crucial para o fornecimento de petróleo e gás, e uma guerra prolongada poderia afetar gravemente os preços dos combustíveis e a estabilidade das cadeias de suprimento globais.
O Itamaraty alertou que a continuidade dos ataques pode desencadear uma crise econômica mundial, afetando mercados financeiros e aumentando os custos de commodities essenciais. A guerra no Oriente Médio também pode gerar uma onda de deslocamento forçado de populações, o que implicaria um aumento no número de refugiados e um novo desafio humanitário para a comunidade internacional.
A postura diplomática do Brasil: voz de pacificação e contenção
Com um histórico de atuação diplomática voltada para a paz, o Brasil tem se posicionado de forma clara e firme sobre a necessidade de soluções pacíficas em cenários de crise. Em 2024, o governo brasileiro já havia alertado sobre o “potencial destrutivo” de uma escalada de hostilidades na região, incluindo países como Síria, Líbano e Iémen. Agora, com o agravamento do conflito entre Israel e Irã, o Brasil reafirma seu compromisso com a diplomacia e o multilateralismo, buscando soluções que preservem a paz e a estabilidade global.
A nota do Itamaraty, ao pedir uma resposta diplomática coordenada por parte da comunidade internacional, reflete a posição brasileira de que a única solução para o conflito é o diálogo e a negociação, respeitando a soberania dos países envolvidos e o direito internacional.
Reações internas e críticas à política externa
As reações à posição do Brasil nas redes sociais foram variadas, com alguns apoiadores destacando o compromisso com a paz e a diplomacia, enquanto outros criticaram o governo, acusando-o de adotar uma postura de apoio ao Irã. Esse debate reflete as divisões internas sobre a política externa brasileira, com diferentes setores da sociedade expressando visões conflitantes sobre como o país deve se posicionar em relação aos acontecimentos no Oriente Médio.
O debate sobre a política externa brasileira em relação ao Irã está longe de ser resolvido, e as reações à nota do governo podem moldar a maneira como o Brasil será visto no cenário internacional nas próximas semanas e meses.
O futuro do Oriente Médio e da diplomacia internacional
Enquanto o mundo observa os próximos passos de Israel e Irã, a comunidade internacional enfrenta um momento crítico. O Brasil, com sua postura pacífica e mediadora, segue como uma voz importante na busca por soluções diplomáticas para a crise. No entanto, as tensões em curso tornam cada vez mais urgente o esforço para evitar uma guerra de grandes proporções que possa comprometer a paz global e desencadear uma nova crise humanitária e econômica.
Neste momento de incerteza, o Brasil reitera sua chamada à diplomacia e à moderação, reforçando seu compromisso com a paz e a estabilidade mundial.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação