Em meio ao recesso, novo capítulo político-jurídico tem impacto direto nas relações internacionais e na continuidade do “tarifaço” imposto por Trump.
As atenções se voltaram novamente para o ex-presidente Jair Bolsonaro, protagonista de uma operação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (18), autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro foi submetido a medidas rigorosas: tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e durante finais de semana, vedação do uso de redes sociais e proibição de contato com embaixadas, diplomatas e investigados.
A operação iniciou com mandados na casa de Bolsonaro, na sede do PL e resultou na apreensão de aproximadamente US$ 14 mil em espécie, além de celular e um pen drive escondido no banheiro.
A repercussão foi imediata e cruzou fronteiras. Em Washington, a Casa Branca monitora o caso em tempo real . Jason Miller, ex-conselheiro de Donald Trump, classificou a ação como “ditatorial e antidemocrática”; reforçando a narrativa de perseguição política. Por sua vez, Trump postou carta endereçada a Bolsonaro no Truth Social, exigindo o fim imediato do julgamento e afirmando que está “observando de perto” a situação.Ele também critica a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, que definiu como retaliação política.
STF confirma medidas
Na Primeira Turma do STF, a maioria votou por manter as cautelares propostas por Moraes, com apoio dos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e do relator, enquanto aguardam os votos restantes de Cármen Lúcia e Fux. A pressa em julgar, mesmo durante o recesso, e a apreensão de um réu preso no processo, reforçam a gravidade do caso.
Moraes argumenta que Bolsonaro e seu filho Eduardo agiram conjuntamente e de modo doloso, tentando submeter o STF aos interesses de um “outro Estado”, por meio de manobras junto ao governo dos EUA que resultaram no anúncio do tarifaço. Segundo o ministro, o objetivo era pressionar o Judiciário brasileiro durante a tramitação da Ação Penal 2.668 .
Repercussão política e diplomática
- No Brasil, aliados de Bolsonaro, como o governador Tarcísio de Freitas, criticaram a medida que restringe o contato entre pai e filho, classificando como uma série de “erros que afastam o país do seu caminho”.
- No campo internacional, analistas destacam que a tensão descaracteriza a independência jurídica do Brasil e alimenta dúvidas potenciais sobre a imparcialidade do STF.
- O presidente Lula reagiu recentemente ao tarifaço chamando-o de “chantagem inaceitável” e ressaltando a autonomia do Judiciário.
O próximo capítulo
O julgamento da Primeira Turma segue até segunda-feira (21). O resultado não definirá apenas o futuro jurídico de Bolsonaro. Será decisivo para os rumos das negociações com os EUA, que veem sua postura de “tarifa política” como manobra punitiva, e para o equilíbrio entre os Poderes no Brasil.
Texto: Daniela Castelo Branco
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