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Caso Ultrafarma: delação de auditor fiscal pode abrir nova frente na investigação

MP-SP vê chance de desmantelar rede de corrupção com potencial envolvimento de empresas de peso no mercado paulista.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) deve iniciar nesta quarta-feira (13) as negociações para um acordo de colaboração premiada com o auditor fiscal da Receita estadual Artur Gomes da Silva Neto, preso sob a acusação de conceder benefícios fiscais a empresas em troca de propinas.

O encontro entre os promotores e o servidor ocorrerá na prisão onde ele está detido: o 8º Distrito Policial, no Belenzinho, Zona Leste da capital paulista e deve marcar a primeira conversa formal para avaliar os termos da delação. A iniciativa vem após os advogados de Artur sinalizarem disposição para colaborar com as investigações.

Fontes ligadas ao caso afirmam que, pela magnitude do esquema, é improvável que o auditor tenha agido sozinho. A expectativa é de que ele possa entregar outros servidores, inclusive superiores hierárquicos, além de indicar empresas ainda não citadas oficialmente na apuração.

Embora o caso tenha gerado repercussão, não há, até o momento, indícios concretos de envolvimento da cúpula da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, nem do titular da pasta, Samuel Kinoshita, que não se manifestou apesar das tentativas de contato feitas pela CNN na terça-feira (12).

As investigações apontam para um esquema estruturado, capaz de movimentar cifras milionárias por meio de isenções e vantagens fiscais indevidas, beneficiando empresas de diferentes setores. Documentos apreendidos e movimentações financeiras reforçam a suspeita de que o caso vai muito além de transações pontuais.

Em outra frente, o MP-SP também considera oferecer um acordo de delação premiada ao empresário Sidney Oliveira, dono da rede de farmácias Ultrafarma, e a Mario Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop. Até a noite de terça-feira, porém, não havia movimentação oficial por parte das defesas.

Para investigadores, a colaboração de Artur pode ser decisiva para ampliar o alcance da apuração, transformando um caso aparentemente isolado em um escândalo de grande proporção, com potencial para atingir setores estratégicos da economia e expor a engrenagem que une dinheiro público, empresas privadas e servidores de alto escalão.

Linha do tempo do caso

  • Primeiras suspeitas – Investigações iniciais apontam concessão irregular de benefícios fiscais a empresas em troca de pagamentos ilícitos.
  • Identificação do auditor – Artur Gomes da Silva Neto, servidor da Receita estadual, é identificado como peça-chave no esquema.
  • Coleta de provas – Mandados de busca e apreensão resultam em documentos e registros financeiros que indicam movimentações milionárias.
  • Prisão – Artur é detido e levado ao 8º Distrito Policial, no Belenzinho.
  • Sinal verde para delação – Defesa do auditor manifesta interesse em colaborar, abrindo caminho para negociações.
  • Ampliação das investigações – Promotores avaliam estender proposta de delação a empresários, incluindo o dono da Ultrafarma e um diretor da Fast Shop.
  • Expectativa – Caso delações sejam formalizadas, a investigação pode alcançar novos nomes e empresas, ampliando o impacto político e econômico do escândalo.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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