Trump anunciou trégua e depois recuou ao dizer que ambos os países desrespeitaram o acordo; tensão segue alta no Oriente Médio
O cessar-fogo entre Israel e Irã, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite de segunda-feira (24), já apresenta sinais de fragilidade poucas horas após sua formalização. Apesar do tom otimista inicial, acusações de violações por ambas as partes reacenderam as tensões no Oriente Médio.
Na manhã desta terça-feira (25), o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que o Irã violou “totalmente” o acordo e prometeu uma resposta “com força”. Segundo ele, mísseis foram disparados contra o território israelense, mas foram interceptados. Em contrapartida, um alto funcionário da segurança iraniana negou os ataques, afirmando que “nenhum míssil foi disparado contra o inimigo até o momento”.
Pouco antes de embarcar para a cúpula da Otan, na Holanda, Trump declarou a repórteres que tanto Israel quanto o Irã descumpriram os termos da trégua. “Não estou satisfeito com nenhum dos dois”, disse, demonstrando irritação principalmente com Israel, que teria agido antes do prazo combinado.
No entanto, horas depois, o presidente americano voltou atrás parcialmente em sua rede social, a Truth Social, afirmando que o cessar-fogo seguia em vigor e que Israel não atacaria o Irã.
De ataques à trégua inesperada
O anúncio do cessar-fogo surpreendeu o mundo diplomático. Poucas horas antes, ainda na segunda-feira (23), os EUA haviam realizado ataques a instalações nucleares no Irã, o que indicava uma possível escalada do conflito. O Irã respondeu com um ataque à base aérea de Al Udeid, no Catar, mas a maior parte dos mísseis foi interceptada, com apenas um atingindo uma área sem causar danos.
Trump agradeceu ao Irã pelo “aviso antecipado” do ataque e classificou a trégua como resultado da “resistência, coragem e inteligência” de ambos os países. A trégua foi chamada por ele de “A Guerra dos 12 Dias” e, em entrevista à NBC News, disse acreditar que ela “vai durar para sempre”.
Possível impacto em Gaza
Após o anúncio da trégua, o líder da oposição israelense, Yair Lapid, defendeu que esse seria o momento de encerrar também o conflito em Gaza, trazendo os reféns de volta e começando a reconstrução. A guerra contra o Hamas já deixou mais de 55 mil mortos no território palestino, e dezenas de reféns israelenses seguem em poder do grupo.
O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas divulgou nota afirmando que “quem conseguir um cessar-fogo com o Irã também pode pôr fim à guerra em Gaza”.
Enquanto diplomatas internacionais buscam manter o frágil cessar-fogo, o cenário permanece incerto, com a tensão ainda pairando sobre a região.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação