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Corrupção abala Ucrânia em semana decisiva e enfraquece apelo de Zelensky por apoio internacional

Escândalo em compras de drones estoura às vésperas do ultimato de Trump à Rússia e pressiona governo ucraniano por mais transparência.

Enquanto soldados ucranianos arriscam a vida diariamente na linha de frente contra a Rússia, um novo escândalo de corrupção sacode Kiev e expõe fragilidades internas num momento crucial da guerra. Autoridades revelaram, neste fim de semana, um esquema bilionário de superfaturamento na compra de drones militares e sistemas de bloqueio de sinal – equipamentos essenciais para as forças ucranianas. A notícia chega justamente às vésperas do prazo dado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para que Moscou aceite negociar a paz, aumentando a pressão sobre Volodymyr Zelensky no campo diplomático e interno.

O escândalo e seus impactos imediatos

Seis pessoas foram indiciadas nesta segunda-feira (4), incluindo um parlamentar, um comandante da Guarda Nacional e empresários ligados à fabricação de drones. Segundo as agências anticorrupção NABU e SAPO, os contratos eram inflacionados em até 30%, com valores desviados que ultrapassavam centenas de milhares de dólares. Um contrato específico, de US$ 240 mil (R$ 1,3 milhão), tinha cerca de US$ 80 mil (R$ 440 mil) em propina embutida.

Os indiciados já receberam ordens de prisão preventiva, e o parlamentar envolvido aguarda o pagamento de uma fiança de aproximadamente US$ 190 mil (R$ 1 milhão). Mais prisões não estão descartadas, e novos nomes devem surgir à medida que as investigações avançam.

Para os ucranianos, a indignação é imediata: enquanto famílias enterram seus mortos na guerra, corruptos lucram com contratos de defesa. O episódio pode afetar não só a confiança popular em Zelensky, mas também o moral dos soldados que dependem de equipamentos comprados com os recursos desviados.

Pressão externa e desgaste político

Externamente, o momento é delicado. O escândalo acontece poucos dias antes do prazo dado por Trump à Rússia para apresentar sinais de que aceitará negociações de paz. O presidente americano já ameaçou novas sanções ao Kremlin e, ao mesmo tempo, acompanha de perto o uso dos recursos enviados a Kiev.

Na Europa, a repercussão também foi imediata: diplomatas alertaram que novos episódios de corrupção podem prejudicar o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia, além de enfraquecer os constantes pedidos de Zelensky por mais armas e apoio financeiro.

O presidente ucraniano, que recentemente recuou de uma tentativa de reduzir a independência das agências anticorrupção após protestos populares, correu às redes sociais para elogiar o trabalho dos investigadores:
“Temos que ter tolerância zero com a corrupção. Trabalhar juntos para expor os culpados e garantir sentenças justas.”

Semana decisiva para a Ucrânia

A combinação entre guerra, pressão diplomática e crise de credibilidade interna faz desta uma semana decisiva para Kiev. Qualquer sinal de instabilidade interna pode minar as negociações internacionais, prejudicar a chegada de ajuda externa e abrir espaço para novas ofensivas russas.

Em meio ao fogo cruzado; literal e político, a Ucrânia precisa mostrar ao mundo que é capaz de combater seus inimigos externos sem permitir que inimigos internos lucrando com a guerra comprometam o futuro do país.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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