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CPI da adultização de crianças une PT e PL em busca de investigação sobre influenciadores e redes sociais

Com mais de 60 assinaturas, senadores de diferentes partidos articulam comissão para apurar conteúdos impróprios na internet, refletindo um raro consenso em meio à polarização política.

Um tema que tem mobilizado o debate público e político ganhou força no Senado: a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar influenciadores digitais e plataformas que promovam conteúdos impróprios envolvendo crianças e adolescentes. Com mais de 60 assinaturas de senadores, o pedido ultrapassa em dobro o mínimo necessário para ser protocolado.  Senadores de partidos historicamente opostos, como PT e PL , para protocolar um pedido de CPI que investigue influenciadores digitais e plataformas que divulgam conteúdos impróprios envolvendo crianças e adolescentes.

O vídeo viral do youtuber Felipe Bressanim Pereira, o Felca, sacudiu Brasília e despertou um debate urgente: até onde vai a “adultização” precoce das crianças nas redes sociais? Em poucos dias, a repercussão da denúncia, que já ultrapassa 31 milhões de visualizações, desencadeou uma reação inédita no Senado.

A articulação é liderada por Jaime Bagattoli (PL-RO) e Damares Alves (Republicanos-DF), que têm recolhido o apoio, mas a lista conta com nomes emblemáticos da esquerda, como Rogério Carvalho (PT-SE), Paulo Paim (PT-RS) e Humberto Costa (PT-PE). Esse consenso inédito evidencia a importância e a urgência da pauta, apesar das divergências políticas históricas

O impacto do vídeo de Felca: que destaca casos de exploração e sexualização de menores, com foco no influenciador Hytalo Santos, alvo de investigação do Ministério Público da Paraíba, despertou uma pressão social e política que, finalmente, parece acelerar uma resposta concreta. O governo Lula já tem um projeto de lei pronto para regulamentar as redes sociais, com ênfase na proteção de menores, e a expectativa é que o texto seja enviado ao Congresso em breve. O presidente da Câmara, Hugo Motta, garantiu que o tema será pautado ainda esta semana.

Para a instalação formal da CPI, o próximo passo depende da leitura do requerimento pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em plenário. Com o colegiado instaurado, a comissão terá poderes equiparados aos das autoridades judiciais: poderá convocar depoimentos, ouvir testemunhas, requisitar informações e investigar a fundo os conteúdos e práticas denunciadas.

Em meio à polarização que marca a política brasileira, essa união em torno da CPI da adultização infantil mostra que, diante do bem-estar das nossas crianças, é possível encontrar caminhos comuns e agir com responsabilidade e urgência.

Contexto e origem da pressão pela CPI

O impulso para essa mobilização vem da repercussão das denúncias feitas pelo youtuber Felipe Bressanim Pereira, o Felca, que tem denunciado a exploração de menores na produção de conteúdos nas redes sociais, abordando o fenômeno da “adultização” precoce. Seu trabalho ganhou grande visibilidade e provocou debates sobre os limites da liberdade digital e a proteção de crianças em ambientes virtuais.

Para o governo, a CPI pode ser um instrumento para pressionar a aprovação de um projeto que já está pronto para ser enviado ao Congresso, cujo foco principal é a proteção de menores e a regulação das redes sociais. Assim, o tema transcende o viés partidário e mobiliza a agenda legislativa com uma pauta social relevante.

O que falta para a instalação da CPI

Embora o número de assinaturas já esteja garantido, o próximo passo é que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), leia o requerimento em plenário e determine a instalação formal da comissão.

As CPIs têm poderes equiparados às autoridades judiciais: podem convocar depoimentos, realizar investigações, ouvir ministros e solicitar informações a órgãos públicos. Com essa estrutura, a comissão terá força para aprofundar as investigações sobre os conteúdos e práticas denunciadas nas redes sociais.

Senadores que apoiam a CPI da adultização

A lista dos parlamentares que já manifestaram apoio é ampla e inclui figuras representativas de diversos partidos e regiões do país. Entre eles estão:

  • Jaime Bagattoli (PL-RO)
  • Damares Alves (Republicanos-DF)
  • Rogério Carvalho (PT-SE)
  • Paulo Paim (PT-RS)
  • Humberto Costa (PT-PE)
  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
  • Romário (PL-RJ)
  • Weverton (PDT-MA)
  • Sérgio Moro (União-PR)
  • Margarida Buzetti (PSD-MT)
  • Alessandro Vieira (MDB-SE)

E muitos outros, totalizando 60 senadores empenhados em dar voz e respostas a uma questão que mobiliza a sociedade.

Enquanto isso, o debate continua ganhando força fora do Congresso. Celebridades como Glória Perez, Claudia Leitte e Juliette manifestaram apoio ao influenciador Felca, que precisou de segurança após receber ameaças. A mobilização em torno do tema traz à tona uma reflexão profunda sobre o ambiente digital em que nossas crianças crescem, as fronteiras entre liberdade e proteção, e o papel do Estado em garantir um espaço seguro para os mais vulneráveis.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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