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Waack: Crise no INSS expõe fragilidade da máquina pública e desafia governo Lula

Escândalo de descontos ilegais reacende debate sobre corrupção sistêmica e dificulta narrativa de ruptura com gestões passadas

Por mais que o governo Lula tente se descolar do escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias, a crise do INSS segue crescendo e cobrando um alto preço; tanto político quanto institucional. Em apenas dois dias, mais de um milhão de brasileiros já pediram ressarcimento por cobranças ilegais de entidades associativas. A avalanche de reclamações revela um problema antigo: a facilidade com que grupos privados se apropriam de pedaços do Estado brasileiro.

Na avaliação do jornalista William Waack, esse é mais um retrato do descontrole crônico da máquina pública. O escândalo, segundo ele, não é exatamente novo ou surpreendente: é mais um entre tantos exemplos de sanguessugas que agem com relativa liberdade, amparados pela ineficiência dos mecanismos de controle e fiscalização.

O governo atual tem se esforçado para colar a responsabilidade na gestão anterior, como parte de uma estratégia profissionalmente articulada. Mas, até aqui, a narrativa não vingou. Um dos motivos, como pontua Waack, é o fato de que a corrupção é percebida como um problema estrutural e suprapartidário, ainda que o Partido dos Trabalhadores (PT) carregue, historicamente, o peso simbólico dos maiores escândalos da era recente.

Mais do que corrupção: desgoverno

A crise no INSS também escancara outra face do problema: a incapacidade do próprio Estado de se autorregular. Um exemplo citado por Waack é o crescimento descontrolado do número de pessoas que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), mesmo com a intenção declarada do governo de reduzir os gastos nessa frente. Nem a equipe econômica consegue explicar com precisão o que está acontecendo.

A perspectiva, infelizmente, é conhecida dos brasileiros: alguns culpados devem ser punidos, eventualmente. Mas quem paga a conta é o contribuinte.

Enquanto isso, o Palácio do Planalto precisa equilibrar a gestão de uma crise que compromete a imagem de eficiência e correção prometida no início do mandato. E, mais do que isso, precisa vencer a percepção (já cristalizada em parte da opinião pública) de que, no Brasil, o Estado é frequentemente refém de interesses que deveriam combater.

Por: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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