Movimento do ministro do STF em defesa de Moraes gera tensão no mercado e amplia desgaste com os EUA.
Quando o mundo político e o mercado financeiro se chocam, o impacto costuma ser imediato. Foi o que aconteceu após a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que provocou queda na bolsa de valores e alta do dólar. A reação de investidores e empresas não foi apenas nervosa ou passageira: refletiu o temor real de que o Brasil tenha entrado em rota de colisão com os Estados Unidos.
O estopim foi a medida de Dino para blindar o colega de Corte, Alexandre de Moraes, alvo de sanções impostas pelo governo americano. Na prática, o ministro acabou colocando bancos e grandes companhias brasileiras em uma posição delicada: seguir a decisão do STF ou respeitar a legislação dos EUA, indispensável para quem mantém relações comerciais e financeiras com o país.
Consultorias de risco, como a Eurasia, apontam que o episódio expôs o Brasil a um dilema diplomático e econômico. Para empresas que atuam globalmente, não cumprir as sanções pode significar bloqueio de acesso a operações e serviços no mercado americano. Por outro lado, seguir as regras internacionais pode ser interpretado como descumprimento da decisão judicial no Brasil.
O gesto de Dino foi lido por agentes econômicos como uma decisão de natureza política, uma resposta direta da Suprema Corte ao governo dos EUA. Algo que, segundo analistas, deveria caber ao Executivo, por meio da diplomacia, e não ao Judiciário.
O resultado imediato foi a ampliação da desconfiança sobre a capacidade do Brasil de administrar sua já frágil relação com Washington. No tabuleiro da geopolítica e da economia, a impressão deixada é de que o país se vê agora entre o martelo e a bigorna; e qualquer movimento em falso pode custar caro.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/BBC
Reportagem: CNN Brasil