Operação integrada da PF, MPRJ e Polícia Civil revela esquema de tráfico, corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo político e facção criminosa.
Na manhã desta quarta-feira (3), o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias (MDB), foi preso em operação conjunta da Polícia Federal (PF), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O parlamentar é suspeito de envolvimento em tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e negociação de armas e equipamentos para a facção criminosa Comando Vermelho (CV).
A ação ocorreu em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, após TH Joias não ser encontrado inicialmente em sua residência principal. A investigação indica que ele utilizava o mandato para favorecer o CV, nomeando aliados para cargos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e intermediando negócios em territórios como os complexos do Alemão, da Maré e Parada de Lucas.
Histórico do parlamentar
TH Joias assumiu o mandato em junho de 2024 como suplente de Otoni de Paula Pai, falecido em maio do mesmo ano. Antes da política, ganhou notoriedade como designer de joias personalizadas, criando peças para celebridades como Poze do Rodo, L7 e o jogador Vini Jr. O parlamentar herdou o ofício de ourives do pai e gerenciava uma loja em Madureira, Zona Norte do Rio.
Detalhes da operação
Batizada de Zargun pela PF e Bandeirante pelo MPRJ, a ação cumpriu 18 mandados de prisão preventiva, 22 de busca e apreensão e sequestrou bens avaliados em R$ 40 milhões, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Até o momento, pelo menos 15 pessoas foram presas, incluindo Alessandro Pitombeira Carracena, ex-secretário estadual e municipal; Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como Índio do Lixão, apontado como chefe do CV; Gustavo Steel, delegado da PF; e Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, assessor parlamentar de TH Joias.
Investigações e denúncias
Segundo a PF, a organização criminosa infiltrava-se na administração pública para garantir impunidade, acesso a informações sigilosas e importação de armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendidos até para facções rivais. A ação integra a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Rio de Janeiro (Ficco/RJ) e visa desarticular redes criminosas que atuam com tráfico internacional de drogas e armas.
Posicionamentos oficiais
A defesa de TH Joias ainda não se manifestou. A Alerj informou que acompanhou as buscas em seu gabinete e prestou apoio às autoridades. Já o MDB anunciou a expulsão imediata do parlamentar, afirmando que ele não seguia a orientação partidária e não fará mais parte do partido.
As investigações apontam que TH Joias já era monitorado desde 2023 por suspeitas de proteger policiais militares ligados ao crime organizado, reforçando a complexidade e gravidade das acusações contra o deputado.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação/Painel Político