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Direita dividida e tarifaço dos EUA reacendem disputa por herança política de Bolsonaro

Com Bolsonaro inelegível até 2030, aliados travam batalha por protagonismo enquanto crise com os EUA intensifica embates internos.

A ofensiva tarifária imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros não apenas acirrou tensões diplomáticas, como também escancarou uma cisão dentro da direita nacional, principalmente entre os que orbitam em torno do espólio político de Jair Bolsonaro (PL), hoje fora do jogo eleitoral até 2030.

Embora o Partido Liberal insista em tratar o ex-presidente como candidato para 2026, mesmo diante do risco de prisão, os bastidores já revelam uma movimentação intensa por parte de figuras que almejam ocupar o vácuo deixado por ele.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, é um dos nomes mais lembrados nesse cenário sucessório. Amparado pelo aval do próprio pai, Eduardo tenta consolidar-se como herdeiro natural do bolsonarismo. No entanto, seu estilo combativo e as constantes farpas lançadas contra nomes da própria direita, inclusive ex-ministros do governo Bolsonaro, têm gerado desconforto entre aliados.

A crise se agravou após o parlamentar sair em defesa do tarifaço promovido por Donald Trump, medida que ameaça diretamente setores produtivos do Brasil. Enquanto governadores e lideranças políticas buscam alternativas para mitigar os impactos da taxação, Eduardo decidiu mirar críticas em quem tenta negociar soluções com os norte-americanos.

Além das críticas públicas, o deputado também está na mira da Polícia Federal por suspeita de obstrução de Justiça; o que pode comprometer sua elegibilidade caso a investigação resulte em condenação. Ainda assim, seus apoiadores apostam em uma eventual vitória política, caso consiga impor algum revés a nomes como o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Essa disputa interna tem causado ruídos dentro do próprio PL, que se vê num dilema: manter a fidelidade irrestrita à figura de Bolsonaro ou ceder à necessidade de renovação diante da conjuntura atual. Com o recesso parlamentar em curso, a legenda tenta reorganizar suas estratégias para o segundo semestre, enquanto vê a base de apoio ao bolsonarismo se fragmentar.

Fora da arena partidária, governadores de direita também se movimentam. Pressionados pelo setor produtivo, nomes como Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, manifestaram repúdio ao tarifaço e defenderam uma ação coordenada dos estados para enfrentar os efeitos da medida. Ambos, porém, evitam se colocar publicamente no tabuleiro eleitoral.

Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tido como presidenciável, adota postura mais cautelosa. Mesmo alvo de provocações de Eduardo, tem evitado alimentar a crise e se mantém em silêncio quanto ao embate tarifário com os EUA.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Divulgação

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