Obras nas travessias sobre o Rio Candeias e o Rio Jacutinga incluem reforço estrutural com cabos de aço; prazo total de entrega é de até um ano
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) deu início a uma intervenção inédita nas pontes sobre o Rio Candeias e o Rio Jacutinga, ambas localizadas na BR-364, no município de Candeias do Jamari, em Rondônia. As obras emergenciais de reabilitação vão empregar, pela primeira vez no estado, a tecnologia extradossada: solução que lembra as pontes estaiadas e que visa garantir maior segurança e durabilidade às estruturas.
Três travessias em reabilitação
Ao todo, os serviços abrangem três travessias: as duas pontes sobre o Rio Candeias, no km 693, e a ponte sobre o Rio Jacutinga (também chamado de Rio Novo), no km 669 da rodovia. As intervenções foram definidas após inspeções técnicas apontarem falhas graves nas estruturas, sobretudo nas duas pontes sobre o Rio Candeias.
A estrutura mais antiga, com cerca de 60 anos de uso, sofreu perda de rigidez provocada pela fluência do concreto: um fenômeno comum em pontes submetidas a décadas de tráfego intenso. Já a ponte mais recente, inaugurada em 2009, apresentou recalques associados à erosão no leito do rio, possivelmente agravada por dragagens.
Obras já em andamento
Neste momento, mais de 20 operários atuam diretamente no interior do caixão da ponte mais nova, no sentido Porto Velho–Vilhena. O objetivo é viabilizar, com segurança, a retomada do tráfego em duas pistas num prazo de até 60 dias. Desde a interdição da ponte antiga, todo o fluxo de veículos está concentrado na estrutura mais nova, com o sistema de tráfego em meia pista e operação de “pare e siga”.
Além da frente de trabalho interna, outras equipes executam atividades de armação, carpintaria, terraplenagem, montagem do canteiro central e abertura de vias de serviço para a entrada de equipamentos de grande porte.
Tecnologia extradossada e peças sob medida
Segundo o superintendente regional do DNIT em Rondônia, André Lima dos Santos, o projeto de reabilitação foi elaborado por um consultor pós-doutor em estruturas e inclui a instalação de cabos externos de aço para reforço das superestruturas. “Vamos reaproveitar os pilares existentes e reconstruir praticamente toda a parte superior das pontes. Esta será a primeira vez que Rondônia contará com uma ponte extradossada”, destacou.
Peças especiais como barras de ancoragem e chapas metálicas anticorrosivas estão sendo produzidas em São Paulo, já que não há disponibilidade desses insumos no estado. Cerca de 80% dos materiais já chegaram a Rondônia, e o restante está em fase de transporte, com prioridade logística.
Prazos e restrições de tráfego
O cronograma prevê que a ponte mais recente sobre o Rio Candeias volte a operar com as duas pistas liberadas em até 60 dias. Já a reabilitação da ponte mais antiga deve levar de quatro a seis meses. A conclusão de todas as intervenções, incluindo a ponte sobre o Rio Jacutinga, tem prazo estimado de até um ano.
Durante o período de obras, o DNIT alerta para a realização de interdições pontuais, inclusive em horários noturnos, principalmente em fases críticas como o lançamento de concreto, que exige controle rigoroso de temperatura e umidade para garantir a cura adequada. Também poderá haver restrições temporárias à circulação de veículos pesados, sempre com o objetivo de preservar a segurança das estruturas e o andamento das obras.
Rodovias mais seguras e monitoradas
O DNIT reforça que concluiu o ano de 2024 com serviços de manutenção em 93 pontes em Rondônia. As estruturas de Candeias do Jamari, por sua complexidade técnica, ficaram fora do ciclo regular de manutenção. No entanto, todas as demais travessias, incluindo as sobre o Rio Madeira, passaram por inspeções atualizadas e receberam reforços recentes, como a instalação de defensas metálicas (os chamados “dolphins”) para proteção contra o impacto de embarcações.
Texto: Daniela Castelo Branco
Fotos: Rilmo Dantas
