Governador gaúcho também cobra pragmatismo do governo Lula para proteger indústria e empregos diante das tarifas de 50% impostas pelos EUA.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), foi direto ao ponto ao comentar, nesta quarta-feira (6), o impacto das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Para ele, a “responsabilidade maior” pelo chamado tarifaço recai sobre a família Bolsonaro.
“Eles próprios avocam essa responsabilidade. O deputado Eduardo Bolsonaro, ele mesmo admite isso, então está ali a responsabilidade”, disse Leite, em referência a declarações do filho do ex-presidente que confirmam influência nas medidas anunciadas por Donald Trump.
Apesar da crítica, o governador também fez um alerta ao governo atual: “Não dá para negar que muitas manifestações feitas pelo presidente Lula, de alguma forma, colaboraram para criar um ambiente de animosidade. Discursos anti-americanos, críticas ao dólar e outras manifestações não ajudam no ambiente diplomático.”
A declaração foi dada após reunião, em Brasília, com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), responsável pelo diálogo com o governo norte-americano. O encontro teve como pauta central o impacto das tarifas, que atingem 85,7% das exportações gaúchas para os EUA: cerca de US$ 1,6 bilhão por ano. Setores como produtos de metal, máquinas, materiais elétricos e madeira estão entre os mais prejudicados.
Leite entregou a Alckmin um ofício e um relatório elaborado pelo Comitê de Crise da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), detalhando as consequências econômicas das medidas. O documento aponta o estado como o segundo mais afetado do país pelo tarifaço.
Para o governador, o momento exige foco em resultados: “O Brasil precisa atuar com pragmatismo nesta negociação. É hora de deixar de lado discursos que criam atritos e priorizar medidas concretas que protejam nossa indústria, nossos empregos e a competitividade internacional.”
Questionado sobre ações para preservar postos de trabalho e apoiar empresas afetadas, Leite afirmou que Alckmin garantiu a preparação de um “pacote robusto” de medidas. Embora não tenha detalhado o conteúdo, disse que o vice-presidente citou como referência políticas adotadas durante a pandemia e as enchentes no Rio Grande do Sul.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação