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Em meio a pressão por mais recursos, governo libera R$ 230 milhões em emendas durante batalha contra alta do IOF

Parlamentares reclamam de lentidão nos repasses e aproveitam votação sobre imposto para reforçar cobrança por mais verbas.

Em meio à crescente pressão no Congresso para derrubar o decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo federal liberou cerca de R$ 230 milhões em emendas parlamentares. O pagamento foi feito justamente na segunda-feira (16), dia em que a Câmara dos Deputados aprovou, por ampla maioria, a tramitação em regime de urgência para o projeto que tenta barrar o aumento do tributo.

Os dados são do sistema Siga Brasil, do Senado Federal, e mostram que, até domingo (15), o Executivo já havia desembolsado R$ 6,32 bilhões em emendas neste ano. Na segunda, esse valor saltou para R$ 6,55 bilhões, com a liberação extra de R$ 230 milhões.

O maior volume desse novo repasse foi destinado às emendas de comissão (R$ 150 milhões). Outros R$ 60 milhões foram para emendas de bancadas estaduais e R$ 20 milhões para emendas individuais, aquelas de execução obrigatória.

Queixas por atraso e insatisfação crescente

Apesar dos pagamentos, o clima entre parlamentares está longe de ser de satisfação. Deputados e senadores têm feito chegar ao Palácio do Planalto diversas reclamações sobre o ritmo considerado lento da liberação de recursos. Há quem relate que ainda está recebendo dinheiro de emendas referentes a 2023 e 2024.

Durante uma reunião com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, parlamentares reforçaram o pedido por mais agilidade, especialmente em repasses para áreas sensíveis, como o Ministério da Saúde.

Do lado do governo, a explicação é que o Orçamento de 2025 só foi aprovado em março e sancionado em abril, o que naturalmente provocou um atraso de pelo menos três meses no cronograma de execução das emendas.

Batalha no Congresso: IOF e taxação de investimentos

A votação da urgência para o projeto que derruba o aumento do IOF terminou com um placar expressivo para a oposição: 346 votos favoráveis contra 97 contrários, resultado que surpreendeu até mesmo lideranças oposicionistas. O governo, por sua vez, ainda aposta em reverter a derrubada definitiva do decreto.

Além disso, o Planalto trabalha para ganhar tempo e tentar negociar outro tema sensível: a Medida Provisória que aumenta a taxação sobre uma série de aplicações financeiras, aprovada como compensação ao recuo parcial na alta do IOF.

Essa MP, no entanto, também enfrenta forte resistência no Congresso. Até agora, quase 680 sugestões de alteração já foram apresentadas, vindas principalmente da oposição e do centrão, mas também com contribuições da própria base governista.

A expectativa é que a comissão responsável por analisar o texto só entre em funcionamento pleno após o recesso parlamentar, em agosto. Até lá, o governo segue em um jogo de equilíbrio entre liberar recursos, negociar votos e tentar minimizar os desgastes em um Congresso cada vez mais exigente.

Texto: Daniela Castelo Branco

Foto: Di.vulgação

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