Parlamentares do PT usam boné com a frase “Meu partido é o Brasil” e lançam campanha para resgatar o verde e amarelo em defesa da soberania nacional.
Durante uma reunião em Brasília com o presidente eleito do PT, Edinho Silva, vários deputados da bancada petista surgiram usando bonés amarelos com a frase estampada em verde: as mesmas cores da bandeira nacional, frequentemente associadas ao bolsonarismo nos últimos anos.
O deputado federal Kiko Celeguim (PT-SP), presidente do diretório paulista da sigla, compartilhou o registro nas redes sociais e escreveu que os parlamentares estavam “no estilo, usando um boné que realmente dá orgulho”. Já o deputado Dimas Gadelha (PT-RJ) publicou um vídeo mostrando o acessório e disparou: “Nosso partido é o Brasil. A gente não lambe bota de americano, não”.
O gesto, embora carregado de simbolismo político, é também uma resposta direta ao momento delicado vivido nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A taxação imposta por Trump gerou forte reação do governo Lula e unificou setores do Congresso em torno de uma narrativa nacionalista, com ênfase na soberania e nos interesses econômicos brasileiros.
Reapropriação das cores verde e amarela
Além do resgate do slogan, o PT lançou nas redes sociais a campanha “Defenda o Brasil”, em que utiliza o verde e o amarelo de forma explícita. Um dos materiais diz: “Patriotismo não é fantasia de carnaval. Agora as máscaras caíram.” A ação é um esforço para reapropriar os símbolos nacionais, historicamente associados à direita bolsonarista nos últimos anos.
O gesto revela uma tentativa de quebrar monopólios simbólicos e reforçar que o discurso patriótico também cabe à esquerda; especialmente em tempos de embates geopolíticos e medidas que afetam diretamente a economia brasileira.
Com a disputa narrativa em pleno andamento, a frase que já serviu a um campo político volta à cena como um gesto de defesa do interesse nacional, agora com outra voz e outro sentido.
Texto: Daniela Castelo Branco
Foto: Divulgação